sexta-feira, 23 de maio de 2025

Quando a amizade vira parte da família que a gente escolhe

Quando a amizade vira parte da família que a gente escolhe

Titus, o som do coração

Tem gente que entra na nossa vida de mansinho, sem alarde, sem anúncio. Vem pela beirada, quase que pedindo licença, sem fazer barulho. E quando a gente percebe, já puxou cadeira, já pegou café, já conhece o jeito da casa, já sabe onde dói e onde faz cócega. Já virou de casa. Já virou da gente.

E aí a gente entende: não é só amizade. É família que a vida permitiu escolher.

Porque, olha, família mesmo — daquelas de laço, de entrega, de saber só de olhar — nem sempre é feita de sangue. Às vezes, é feita de história compartilhada, de lágrima dividida, de gargalhada que ninguém entende além da gente. É feita de silêncios confortáveis, de brigas honestas, de reconciliações sem orgulho. É feita de estar. Simples assim.

Tem amigo que chega num momento em que a vida tá toda bagunçada. A gente sem rumo, sem fé, sem vontade. E ele não pergunta muito, não exige explicação. Só chega, senta do lado e diz: “Tô aqui.” E fica. Fica quando todo mundo vai. Fica quando nem a gente quer ficar com a gente mesmo.

Esses amigos viram parte do que a gente é. Sabem o tom da nossa voz quando tá mentindo que tá tudo bem. Sabem quando o olhar tá distante, quando o corpo tá presente, mas a alma tá cansada. Eles sabem — e mesmo assim, continuam. Não desistem. Não cobram máscara. Querem a gente do jeito que a gente é: torto, ferido, tentando.

E aí, meu amigo, isso vira amor. Um amor sem rótulo, sem nome certo. Um amor que não precisa ser dito o tempo todo, mas que se mostra em cada gesto. No cuidado de mandar mensagem só pra saber como foi o dia. No “senti tua falta” que vem do nada. No “tô indo aí” quando a vida aperta. No “come alguma coisa” quando a tristeza pesa. Isso é amor. E é família.

Família da alma.

Eu tenho poucos assim. Poucos, mas suficientes. Porque a verdade é que esse tipo de amizade não precisa de muitos. Um já é milagre.

E eu te falo com toda a experiência de quem já viu muita coisa nessa vida: não desperdiça esse tipo de laço. Cuida, rega, alimenta. Porque é raro. E o que é raro, é sagrado.

Tem amigo que a gente carrega na vida como quem carrega um pedaço de si. E, no fundo, é isso mesmo. Eles são partes nossas que andam por aí, com outro nome, outra história, mas com o mesmo coração pulsando ao nosso lado.

E sabe o mais bonito? É que, mesmo sem laço de sangue, eles sabem exatamente o que a gente precisa ouvir quando o mundo silencia. Eles sabem. E ficam.

> “Amigo que vira família é milagre da vida — não nasceu com o mesmo sangue, mas pulsa no mesmo coração.”

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