quarta-feira, 21 de maio de 2025

Onde o suor vira elo e o cansaço vira cuidado

Onde o suor vira elo e o cansaço vira cuidado

Titus, o som do coração

Tem amizades que a gente não procura, não escolhe, nem espera. Elas surgem no meio do caos, na hora da correria, entre um chamado urgente e um café apressado. São laços que nascem do trabalho, mas vão muito além da função. São pessoas que chegam como colegas, e aos poucos, sem que a gente perceba, passam a habitar um lugar sagrado: o da confiança.

No trabalho social, onde a dor humana é matéria-prima, onde cada história que chega carrega feridas abertas, é impossível seguir sozinho. E é ali, no meio dessa dureza toda, que a amizade floresce. Porque quem divide o peso com você, aprende a ouvir seu silêncio. Quem caminha ao seu lado nas ruas, nas abordagens, nos dias de sol escaldante ou de chuva fina e tristeza densa, começa a entender seus limites, suas dobras, seus abismos.

Eu vi amizade nascer no olhar que diz “hoje não tá fácil, mas tamo junto”. Vi em mãos que se estendem pra ajudar no acolhimento de quem ninguém quer olhar. Vi no companheirismo de quem segura a barra quando a gente sente vontade de desistir.

Tem amigo de trabalho que não conhece sua infância, não sabe o nome do seu primeiro amor, mas sabe quando você tá prestes a desabar. Sabe pelo tom da voz, pelo jeito de fechar o fichário, pelo modo como respira fundo antes de entrar numa reunião. E é aí que mora a mágica: esse tipo de amizade não precisa de muito. Precisa só de presença, de parceria real.

É por isso que eu sempre digo: os vínculos mais profundos não nascem nos momentos fáceis. Eles se forjam no calor da batalha. No improviso da abordagem, no plantão que parece eterno, na reunião que termina em abraço, na escuta que acontece no intervalo, quando a alma transborda.

A amizade que o trabalho constrói é uma ponte. E não é qualquer ponte: é daquelas firmes, que atravessam dias difíceis, que seguram o peso do outro sem medo de rachar. É aquela pessoa que você olha e pensa: “se ela tá aqui, eu também fico”.

E mesmo quando os caminhos se separam — quando um muda de setor, de cidade, de vida — o elo fica. Porque o que foi construído com verdade não se perde. Fica gravado em olhares que se reconhecem, em memórias que aquecem o peito nos dias mais nublados.

Às vezes, são essas amizades que seguram a gente no ofício. Que lembram o porquê começamos. Que devolvem sentido quando tudo parece automático.Oi

> “Algumas amizades são como o trabalho que as gerou: exigem entrega, constroem confiança e sustentam a alma quando o corpo quer parar.”

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