quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ser humano


Oi!

Um amigo que sempre leu as minhas crônicas, me disse, entre outras coisas, o seguinte:
- Para ser diferente, basta um querer. 
Gostei da frase, talvez porque eu mesmo sou atraído por desafios pessoais, pela diferença, pela diversidade, nunca gostei do marasmo confortável de ficar deitado no sofá vendo a vida passar em minha frente, sempre quis e gostei de fazer história.
Quando era pequeno na escola, na hora do recreio, eu ia pra biblioteca ler livros, engraçado naquela época muita gente achava legal e hoje é justamente o contrário, vai entender! Enfim, eu gostava dos livros de Malba Tahan.
"Malba Tahan ou Júlio César de Mello e Souza (1111 – 1921), um caso raro de professor que ficou quase tão famoso quanto um craque do futebol. Em classe, lembrava um ator empenhado em cativar a plateia. Escolheu a mais temida das disciplinas, a Matemática. Criou uma didática própria e divertida, até hoje viva e respeitada. Ainda está para nascer outro igual ."Fonte: Biografia de Malba Tahan http://www.juraemprosaeverso.com.br/BiografiasDePessoasFamosas/MalbaTahan.htm.
Em seus célebres livros eu viajava nas histórias, bem ordenadas, sobre o povo árabe e suas tradições e, foi ali naquele momento, que eu me apaixonei pela matemática, comecei a entender porque aquele  povo influenciou o oriente e o ocidente através dos números, a forma de raciocínio lógico, seu jeito de analisar cada fato e os possíveis resultados. Quando os cálculos estavam corretos nada poderia impedir o sucesso, mas se por um erro de interpretação fosse tomada uma decisão equivocada a catástrofe seria iminente.
Como disse, eu viajava nas histórias e tentava acompanhar o raciocínio lógico. Era um desafio tão gostoso que eu contava as horas para continuar a leitura, enquanto lia eu via imagens,paisagens e personagens na minha frente, eu me fazia parte, tentando ser o protagonista da história, era uma delícia, eu tinha tudo para ser vítima do tão famigerado e atual "bullying" (nós éramos mais caipiras, chamávamos de "chacota"). 
Meus colegas me respeitavam, gostavam de minha companhia, da quinta a oitava série (hoje isso também mudou) fui eleito representante de sala, no Segundo Grau (Ensino médio hoje) continuei o sendo. A pergunta que nunca calava: “Porquê?” 
Hoje, fazendo uma retrospectiva da minha vida,percebo que eu era (e ainda sou) diferente, sem ser! Me explico, desde pequeno nunca busquei a glória, títulos ou seja lá o que as pessoas buscavam, primeiro porque venho de uma família humilde (jeito charmoso de dizer pobre) meus pais sempre me ensinaram que colhemos o fruto de nosso suor, que não há como plantar goiaba e colher pêssego, é impossível, que o melhor caminho não é o mais curto e sim o mais seguro,pautado na verdade, lealdade, sinceridade, irmandade, amizade, e que ninguém é melhor que ninguém, que qualquer pessoa é capaz de realizar grandes feitos, desde que se empenhe pra isso.
Então eu me tornei uma pessoa comum, que adquiria grande conhecimento, com uma capacidade de aprendizagem enorme, e curiosidade acima da média, e isso se refletiu na minha postura, acabei aprendendo que quanto mais ensino mais abro espaço para aprender, aprendi que a gratidão de uma pessoa, quando você a ensina, pode mudar o seu destino.
Também aprendi que vaidade, pedantismo, mania de grandeza, fazem parte da psique humana, e por isso tive meus momentos vaidosos, mas eles não me trouxeram nada de construtivo.
Com meu aprendizado diário venho evoluindo e aprendendo a respeitar o tempo de cada pessoa pois, nem sempre o que você acha ser bom para ela o será e  às vezes essa pessoa é feliz como é, pelo que passa e onde se encontra.
Às vezes dou um passo atrás, não por ter raiva de uma pessoa, mas por saber que tenho de respeitar seu espaço, mesmo que eu veja que aquilo que ela esteja fazendo só lhe trará infelicidade, mas ela se sente feliz, e eu tenho que esperar até o momento certo para ajudar, e esse momento dependerá de sua manifestação e desejo.
Voltando ao "para ser diferente, basta um querer", continuei a minha busca por entender o que é a vida, não a famosa questão fundamental, “de onde?”, “porquê?”, “pra onde?”, e sim a verdadeira questão “como?”, sempre que decidimos nos colocamos diante de dois caminhos. Tenha a certeza que cada um o levará a outra escolha, outra decisão, e no final você acaba por se tornar a soma de suas escolhas, talvez por isso eu demore a tomar certas decisões, porque elas influenciarão a vida de diversas pessoas que estão e estarão ao meu redor.
Algumas escolhas parecem ser simples, outras mais complexas, mas todas terão resultados para a vida, por isso cuidado!
Eu escolhi ser diferente sem ser. Brinco, rio, faço o que devo fazer com seriedade e concentração, mas não perdi aquele menino curioso, que quer aprender, que busca amar e ser amado, que tenta ser respeitado respeitando. Eu tento ser comum, tento evitar holofotes, não quero e nunca quis ser o dono da verdade, sempre quis sim, conhecer, aprender, analisar, desmontar e montar, fuçar (essa palavra é bacana). O interessante é que, mesmo evitando tudo isso, a vida me coloca em evidencia, mesmo não querendo aparecer, lá estou eu na frente.
"Para ser diferente, basta um querer", essa frase é bacana, sabia que se você se propuser a ser diferente, muita gente desejará estar ao seu lado? E se você for um líder nato você se surpreenderá, caso não seja, não se preocupe, pois mesmo assim muita gente vai desejar estar contigo.
Creio que a grande mudança da humanidade é perceber que suas escolhas definem o rumo que todo o planeta e os seres nele contidos tomarão no futuro, que o que tocamos aqui agora, vai invariavelmente mudar a vida de alguém em outro lugar, por isso precisamos ser gentis, "a gentileza gera gentileza e essa atitude poderá salvar o planeta.
Lembre-se disso:
"Para ser diferente, basta um querer".
E diga sempre:
"Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei."
Um abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."
Foto: https://wallpapercave.com/different-wallpapers

Equilíbrio

Oi!
A cada dia que passa somos bombardeados por informações das mais diversas, algumas verdadeiras, outras falsas, muitas nos deixam com medo outras nos dão esperanças. Precisamos criar uma barreira, criar um processo que nos proteja de notícias que nos desanime, que nos faça perder a fé. Há uma necessidade de sabermos a quantas andam os problemas no mundo mas, ao meu ver, o excesso de informação também é prejudicial.
Vou me explicar, a água mata a sede, refrigera o corpo, alimenta as células, cria processos naturais que ajudam no transporte de nutrientes no sangue até os órgão vitais, ajuda desde a criação de ácidos nos estomago, na quebra de moléculas nos intestino, na eliminação de toxinas, na diminuição da temperatura corporal mas, em excesso a água pode matar, e não estou falando de afogamento.
Apesar das controvérsias sobre a quantidade de água que devemos beber por dia, a Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos recomenda a ingestão diária de 3,7 litros de água para os homens, o equivalente a 15,6 copos, e 2,7 litros para as mulheres, ou 11,4 copos. (Fonte: Google)
Caso seu consumo seja exagerado pode desencadear processos que causarão desde um mal estar, podendo provocar a morte.
Creio que isto aconteça com qualquer coisa na vida, inclusive informação. O excesso de informações alegres podem embotar nossas observações sobre a vida, nos deixando incapazes de tomar decisões corretas, acreditando que estamos no "País das Maravilhas", por outro lado, o excesso de notícias ruins pode nos causar depressão, doenças de origem mental, com manifestações físicas, tornam-se psicossomáticas.
E como proceder então?
Antes de expor minha opinião acho necessária uma ou outra observação sobre o tema. Existem pessoas que, ao ler uma notícia, acreditam de forma cabal, não por ser verdadeira, mas por ser conveniente às suas crenças pessoais, defendem o indefensável, causando até um certo desconforto ao seu redor. Ao meu ver, pessoas assim ficam com a crítica e a autocrítica embotadas, incapazes de reconhecer a realidade. Há diversos fatores que levam uma pessoa a esse tipo de atitude, pode ser de ordem religiosa, econômica, psicológica, emocional, influencia de grupos os quais participa e as mais diversas necessidades pessoais e particulares. 
Uma doença que assola o mundo, mas que, pelo mesmo motivo que nos torna a raça tida como a mais evoluída do planeta também pode causar a distorção, muitas vezes nefasta, da realidade. O motivo, dentro da minha compreensão, é "somos seres sociais", precisamos viver e sobreviver em sociedade, e por isso saímos a procura de outros que pensam como nós, quando não os encontramos passamos a divulgar verdades, pseudo verdades e até inverdades para angariar simpatia e arrebanhar seguidores.
Na maioria das vezes necessitamos nos sentir pertencentes a um grupo, uma herança que vem desde os primórdios da existência, e por isso, e talvez por isso, propositadamente ou não, nos deixamos influenciar pelos outros, defendendo o grupo para manter nosso sentimento de pertencimento.
Há uma crença que quanto mais pobre e menos instruída a pessoa pode ser manipulada, isso é apenas meia verdade, a verdade plena, e vemos isso nos dias de hoje, é que mesmo as pessoas mais instruídas e com maior poder aquisitivo também são manipuláveis, a diferença talvez esteja no motivo de se deixarem manipular, pessoas com menor instrução não conseguem vislumbrar o horizonte, pois de onde estão e com as situações de seu dia a dia, suas soluções precisam do imediatismo, pois sua sobrevivência, muitas vezes está num prato de comida, no pagamento de uma conta, na compra de um remédio, já ás de maior poder aquisitivo conseguem vislumbrar o horizonte pois conseguem acessar as portas, as informações e assim conseguem criar estratégias de médio e longo prazo, suas necessidade são outras, seus objetivos não se focam num simples "arroz com ovo".
Voltando à pergunta que fiz a pouco, creio que a resposta não é tão simples, ela começa no filtrar informações, abrir os olhos e ter a "percepção verdadeira" de sua natureza particular, da natureza do grupo ao qual pertence e do horizonte que se alinha aos seus objetivos pessoais e coletivos, pra que isso aconteça necessitamos alterar nossas demandas, precisamos reconhecer que o "eu" só existe se "nós" trabalharmos juntos na evolução de tudo e todos.
Respeito, carinho e canja de galinha não faz mal a ninguém. Ser altruísta é pensar no bem estar do próximo, da comunidade, mas também é pensar no nosso bem estar, precisamos entender, urgentemente, que o mundo parece ser grande mas só existe esse mundo, estamos nele, todos juntos, e o que afeta um, afeta todos, como jogar uma pedra no meio do lago, a onda provocada no ponto onde a pedra cai, pode fazer a água molhar meus pés na margem do mesmo lago, não há como fugir.
Equilíbrio, servir, fazer o bem e nos inserir no meio em que vivemos nos faz ter mais respeito às histórias que nos cercam.
Obrigado por ler até aqui, lhe desejo todo equilíbrio necessário para que você se torne uma pessoa feliz que transforma seu entorno num pequeno paraíso, como uma ilha, a soma dessas ilhas se torna um território e a soma desses territórios se tornará uma nação paradisíaca, tendo seu alicerce na verdade, respeito mútuo e no desenvolvimento social.
Um grande abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Lembranças - Parte II

Oi!
No município onde resido uma adutora rompeu e foi interrompido o abastecimento de água em muitos bairros, inclusive o meu. Foram quase vinte e quatro horas para o restabelecimento e mesmo assim, até onde pude observar, a água foi entregue em caminhões pipas nas caixas d'água dos referidos bairros.
Porque estou falando disso aqui?
Ao chegar em casa as vasilhas estavam acumuladas na pia eu peguei um balde o enchi de água, pois não sabia quanto tempo iríamos ficar sem água, e por isso resolvi economizar, ao lavar as vasilhas me lembrei da minha infância em Goiânia, não havia água encanada e uma bomba d'água deveria ser muito cara na época, eram uns trambolhos a pistão que para dar a partida precisava ligar a energia e dar o primeiro giro pra ela começar a funcionar, muitas vezes entrava ar e tínhamos que colocar água no cano pra fazer com que a sucção funcionasse.
Enfim, devia ser muito cara, além de bastante trabalhosa no início, então em nossa casa tínhamos um  sari, ou sarilho (cilindro de madeira acoplado a uma manivela) ao qual se fixa uma corda com um balde na outra extremidade dela e que é utilizado para se extrair a água do poço. Enchíamos latas e latões com essa água (na época nem sabíamos de dengue).
Para tomarmos banho, aquecíamos a água numa lata de banha, num fogão a lenha (na verdade era a conhecida "trempe", tijolos e pedras, sem argamassa, arranjados de forma a criar uma especie de boca para colocar as vasilhas pra aquecer) e usávamos, o que pra mim era a última inovação tecnológica, um balde grande, pendurado numa carretilha, dentro do banheiro com um chuveiro acoplado na parte de baixo e uma alavanca de acionamento. Funcionava assim, colocávamos a água quente no balde e depois a "temperávamos" com água fria ate ficar na temperatura ideal de banho. Puxávamos a corda pela carretilha até uma certa altura e daí acionávamos a alavanca pra liberar a água, tinha de ser rápido senão a água armazenada não daria nem pra um banho e além disso ia se esfriando.
No Jirau (estrado de madeira para lavar roupa e/ou vasilhas), tinha duas bacias de plástico sendo uma pra lavar as vasilhas sujas e a outra pra enxaguar, às vezes tínhamos de trocar a água várias vezes, minha mãe também lavava roupa pra fora e usava esse jirau com bacias maiores e eu como o filho mais velho ficava encarregado de abastecer de água tirando do poço com o "sari", uma vez a manivela escapou das minhas mãos e voltou com toda força pois o balde cheio já estava à metade do poço, fui protegido, pois a dita manivela passou a centímetros da minha cabeça, só senti o vento passando, minha mãe correu preocupada quando viu, e não me deixou puxar mais água naquele dia.
Todas essas lembranças vieram à tona enquanto eu lavava as minhas vasilhas em casa no balde, por causa de uma adutora que se rompeu.
Eu poderia reclamar, eu poderia usar toda a água da caixa, eu poderia culpar a empresa, a prefeitura, mas não, pacientemente fui lavar minhas vasilhas, e essa ação encheu meu coração de gratidão, com as lembranças revividas, passei a pensar nos funcionários da empresa se empenhando em resolver a situação, soldando canos, com água jorrando, num dia frio de outono, pré-inverno.
Comecei a agradecer por ter água encanada, uma pia com torneira, um chuveiro eletrônico, vaso sanitário com descarga, torneira pra lavar a casa e molhar as plantas. Comecei a agradecer pelas pessoas, que nem conheço, que estavam enfrentando um grande problema, no frio pra garantir o abastecimento dos nossos lares.
Eu creio realmente que o nosso dia a dia deve ser permeado de atitudes, mas esta atitudes são resultados de nossos sentimentos e esses sentimentos se originam em nossos pensamentos, então uma pergunta que fica pra você, "qual a qualidade do seu pensamento?". Há um ditado que diz  o seguinte:
Se você não está gostando do que colhe, observe as sementes que anda plantando!
Acredito que essas sementes são criadas em trilogia "mente, coração e corpo", eu aprendi que devemos buscar ser a soma da "razão, do sentimento e da vontade". Manter a qualidade do pensamento em alta vibração, gera sentimento de gratidão, que por sua vez gera atitudes nobres.
Um grande abraço e muito obrigado por ter lido até aqui.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

terça-feira, 12 de maio de 2020

Lembranças - Parte I

Foto: O Pensador (francêsLe Penseur) é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin.
Oi!
Quando eu era pequeno, e posso dizer isso, minha avó me contava histórias de sua época produtiva, quando trabalhava nas colheitas sazonais da região. A história que sempre me impressionou era a que ela ia pra colheita de café, e minha mãe, criança de colo, era levada junto, pois não havia como deixá-la em casa, apesar de ser a caçula, os irmãos mais velhos trabalhavam na lida diária e minha mãe necessitava de maior atenção por parte da minha avó.
Que eu me lembre, e minha memória pode estar me pregando alguma peça, ela dizia que a forma de pagamento na colheita do café era assim, colhia-se o café em cestos e o que caia no chão era o pagamento, claro que se caísse muito a pessoa não voltaria no outro dia, era um limite aceitável, um combinado de palavra dada e confiança mútua.
Como disse minha mãe era uma criança de colo, e enquanto minha avó colhia o café colocava a criança na regueira, uma espécie de acero como um mini canal que coletava a água da chuva ou da irrigação talvez,  um "rego" como era chamado e a coleção de "regos" se denominava "regueira". Minha mãe ficava ali, distraída com algum galho, pedra ou coisa que o valha enquanto minha avó trabalhava, sempre com atenção sobre a criança exposta as situações naturais de risco e proteção.
Por que será que esta história sempre me chamou a atenção? Algo que parecia tão corriqueiro?
Creio que por causa da minha criação, comecei a trabalhar muito novo, vendendo picolé, sendo engraxate, vendendo laranjinha (aqui em Minas Gerais chamam de "Chup-chup", no Rio de Janeiro "Geladinho", no Paraná "Saci"), vendendo pirulito de "puxa" (açúcar queimado e derretido no ponto de ser derramado em cones de papel com um palito no meio), pasteizinhos caseiros entre outras coisas.
Eu estudava pela manhã na Escola Estadual Pedro Xavier de Oliveira em Goiânia, cidade que amo e onde fui criado por meus pais, e quando eu saia da escola passava na sorveteria e havia um carrinho de picolé reservado para mim, naquela época somente as crianças e adolescentes que madrugavam na porta da sorveteria conseguiam pegar os carrinhos, mas como o dono gostava de mim ele reservava um pra que eu pudesse trabalhar à tarde.
Eu era bom vendedor, chegava a vender seiscentos picolés numa tarde, às vezes voltava com o carrinho vazio, e  muitas vezes eu era o maior vendedor do dia. Isso acontecia porque eu não tinha medo, vergonha ou preguiça andava quilômetros diariamente, oferecendo nas ruas, nas casas, nas construções até no INMETRO (Instituto de Pesos e Medidas no Setor Sul) chegava no portão, e o porteiro, que também gostava de mim, me permitia permanecer ali vendendo meus picolé aos motoristas, funcionários, e todos que ali passavam. Sempre fui muito bem recebido e tratado, uma vez ou outra havia um desrespeito, mas o próprio porteiro vinha em meu auxílio.
O dinheiro arrecadado das vendas, em torno de 5 centavos (da moeda vigente a qual não me lembro o nome, foram tantas) por picolé vinha pra uma capanguinha (sacola de plástico que ficava no meu bolso) e todo o dinheiro entregava nas mãos de minha mãe, e ela  comprava pão, leite, às vezes cem gramas de café, duzentos e cinquenta gramas de feijão, meio litro de óleo e/ou um quilo de arroz.
Como meu pai às vezes ficava desempregado, e quem nunca passou por isso, parte do sustento da casa vinha dessas vendas que eu fazia junto com a lavagem de roupas para pessoas que minha mãe realizava, meus irmãos à época eram muito pequenos, a diferença de idade entre eu e eles era de cinco e seis anos respectivamente.
Hoje o meu trabalho é, na sua grande parte, trabalhar com famílias vulneráveis, e vez ou outra suas histórias me lembra da minha própria e me fazem lembrar das histórias de minha avó também. Os tempos mudaram, somos uma sociedade mais tecnológica, temos o conhecimento na palma das mãos, mas os problemas humanos continuam praticamente os mesmos, as necessidades são as mesmas, há dinheiro, mas não pra todos, há trabalho, mas não pra todos, há amor, mas não pra todos.
Uma sociedade tecnológica que diminuiu a distancia entre os países e aumento o distanciamento entre as pessoas, e isso bem antes dessa pandemia que assola o mundo. Pessoas se deixaram tornar dependentes, um vício alucinado por conseguir as coisas sem esforço pessoal, por acharem que é um "direito", é sim, concordo, mas e os deveres?
Há um equivoco intencional na sociedade, de fazer quem tem menos, depender de quem supostamente tem mais, e esses últimos preferem manter esse "status quo" em detrimento de uma pseudo superioridade, igualdade não é equanimidade, mas ao meu ver, e salvo melhor juízo, continuamos colhendo café ficando com as sobras no chão, continuamos sendo valorizados enquanto geramos lucro a alguém, continuamos criando dependências em lugar de liberdades verdadeiras.
A história da humanidade continua marcada por repetições, como um loop infinito, onde quem se julga superior ou em melhor condição social explora a força dos sub julgados, subnutridos de conhecimento,  e principalmente daqueles que fazem questão de serem dependentes dos ególatras sociais e que se satisfazem com migalhas como peixes sendo cevados no rio.
Eu sempre acredite que "o sol é para todos, mas a sombra é pra quem merece"!
Um abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
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segunda-feira, 11 de maio de 2020

O Vírus

Oi!
O dia em homenagem às mães passou, um dia em que celebramos a vida, o amor, a gratidão e a esperança por dias melhores, tudo isso junto numa pessoa só. Esse ano foi um tanto diferente, temos uma doença, um vírus que concorre diretamente com esses sentimentos, um vírus da desesperança, do medo, da raiva, da tristeza, do egoísmo e da morte.
Nunca, nesses meus quase cinquenta e dois anos de vida (meio século, dá pra imaginar?), eu vi tanta informação desencontrada, e olha que já vi e participei de algumas crises, nada como a peste negra, mas já vi queda de presidentes, queda de regimes, guerra nas malvinas, gripe suína, vaca louca, hiperinflação, guerra no continente africano, guerra no oriente médio, etc.
Como uma coisa, invisível aos olhos, pode causar tanto estrago? Como um vírus como esse pode obscurecer um dia que deveria ser de comemoração, de união, de família?
A humanidade está atônita, heróis da resistência já não é nome de banda de rock brasileiro, são pessoas, comuns, altruístas, que deixam suas famílias e pessoas a quem amam de lado, para cuidar de pessoas que estão sofrendo, pessoas que se encontram no "front" de batalha, nos caixas de supermercado, na reposição de estoque, na entrega de mercadorias, no plantio de alimentos, na criação de animais, na limpeza urbana, na melhoria da vida. Essas pessoas são consideradas essenciais.
A pergunta que me faço é, pra quem? Quem vê essas pessoas como essenciais? Eu vou ao supermercado, às farmácias, ao mercadinho, ao açougue e o que vejo me estarrece, esses heróis são tratados, muitas vezes, com um desdém, obrigados a ouvir impropérios, absurdos como "Que bom que você está trabalhando! Tem tanta gente desempregada né?", e essa observação não vem com o sentimento de gratidão ou preocupação, vem o desejo de mostrar que aquele trabalhador, aquela trabalhadora, estão ali para serem subservientes a uma condição sub humana que aquele ser humano, sem escrúpulos, insiste em desejar impor a outrem.
Vejo médicos, enfermeiros, plantonistas sendo perseguidos, agredidos, desmerecidos, por cidadãos que se consideram superiores, imunes, exclusivamente protegidos por sua arrogância, sua falta de empatia, sua crença que o mundo é moldado por sua vontade e não pela necessidade alheia. Homens e mulheres que se julgam "super" qualquer coisa, suas roupas possuem um símbolo, que no herói norte americano das revistas em quadrinho é um "S". Essas pessoas se apropriaram indevidamente desse símbolo e o substituíram pelo "$" como um campo de força que não permite o vírus penetrar.
Creio, sinceramente, que o pior dessa apropriação, é que na maioria das vezes essas mesmas pessoas não possuem o produto ao qual esse simbolo representa, e na sua mediocridade didática tentam, a todo custo, impor sua vontade apenas para sua satisfação pessoal, não se importam com o sentimento alheio, não possuem qualquer resquício de humanidade, são biônicas, com seus "I" isso, "I" aquilo, pobres de empatia, antipáticas até, já não são humanos, são autômatos seguindo uma programação virulenta de execrar aqueles a quem não consideram seus pares, com seus carros importados, ar condicionado, mente condicionada.
Como uma mãe, verdadeira mãe, não qualquer uma, MÃE com "M" maiúsculo, pode concorrer com um vírus assim. O vírus da intolerância, da arrogância, do egoísmo e do apego. Como ela pode concorrer? Incrível pensar, que essas pessoas, tão embotadas também tiveram ou têm uma mãe, e de repente uma super mãe, as quais recebem, anualmente presentes caros, viagens, e no fundo, lá no fundo, elas desejam que seus filhos sejam apenas humanos, esse seria o seu melhor presente.
Estamos num mundo assolado por um vírus mortal, que se iniciou ao longo de três mil anos, que contaminou a mente e o coração de alguns humanos, um vírus que mata, deturpa, destrói crenças, cria desavenças e separa famílias.
Todos os males que o mundo já passou tem sua raiz nesse vírus, no pensamento e sentimento egoísta de querer tudo pra si. Precisamos mostrar, que o "mal" precisa ser combatido, e a única vacina para esse vírus é uma combinação de amor, respeito, fraternidade, com uma pitada de altruísmo e empatia.
Como eu disse, no início dessa missiva, o Dia das mães foi ofuscado por esse vírus malévolo, indecente, mas podemos tirar um ensinamento disso, as máscaras estão caindo e espero sinceramente que ninguém resolva pegá-las pois estão muito contaminadas.
Um abraço!
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão Titus, o som do coração Tem momentos em que a gente para. Ou porque a vida manda parar, ou po...