segunda-feira, 11 de junho de 2012

Os que estão vivos e mortos ( By Fernando H. Cardoso)

Olá!
Gostaria de agradecer meu grande amigo Marcio Mendonça que me enviou por email um texto de Fernando Henrique Cardoso, ex- presidente do Brasil e grande escritor, acredito que o texto tem tudo a ver com o que se propõe este blog, então gostaria que voces aproveitassem-no para uma reflexão.
Um abraço! 

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
A pedido da vida, percorrerei toda extensão do Universo contido dentro do meu coração.” 
Paulo Campus Gerais



OS QUE ESTÃO VIVOS E OS MORTOS        
 F.H.Cardoso
 
No fundo estamos condenados ao mistério. As pessoas dizem, eu gostaria de sobreviver além da minha materialidade... Eu não acredito que vá sobreviver, mas, pelo menos na memória dos outros, você sobrevive.

Vivi intensamente isso com a perda da Ruth. Olhando para trás, é claro que ela estava com um problema grave de saúde. Apesar disso fizemos uma viagem longa e fascinante à China. É como se o problema não existisse. A gente sabe que um dia vai morrer e no entanto vive como se fosse eterno.

Depois da morte de Ruth e, mais recentemente, de outros amigos, como Juarez Brandão Lopes e Paulo Renato, eu me habituei a conversar com os que morreram. Não estou delirando. Os mortos queridos estão vivos dentro da gente. A memória que temos deles é real.

À medida que vamos ficando mais velhos, convivemos cada vez mais com a memória. Conversamos com os mortos. Por intermédio da Ruth, passei a lembrar mais dos outros que morreram, dos meus pais, meus avós. Os que morreram e nos foram queridos continuam a nos influenciar. O que não há mais é o contrário. Não podemos mais influenciá-los.

Eu não penso na morte. Sei que ela vem. Já senti a morte de perto. Não em mim. Senti a morte de perto nos meus. E procuro conviver com ela através da memória. Os que se foram continuam na minha memória e eu converso com eles. Minha mãe, meu pai, minha avó, minha mulher, meu irmão, meus amigos que se foram são meus referentes íntimos. Tudo isso constitui uma comunidade – posso usar a palavra – espiritual, que transcende o dia a dia.

Então, a morte existe, ela é parte da vida, é angustiante, não se sabe nunca quando ela vai ocorrer. Eu só peço que ela seja indolor. Não sei se será.

Ninguém sabe como e quando vai morrer. Pessoalmente, tenho mais medo do sofrimento que leva à morte do que da morte propriamente dita.

Se não é possível ter a pretensão utópica de sobreviver como pessoa física, é possível ter a aspiração de viver na memória, começando por conviver com a memória dos que se foram. Isso tem alguma materialidade? Nenhuma. Isso é científico? Não é. Mas é uma maneira de você acalmar sua angústia existencial.
"Os mortos queridos vivem dentro de nós.
Os que morreram continuam a nos influenciar.
Nós é que não podemos mais influenciá-los."
SENTIDO DA VIDA

Aos 80 anos creio que cada um cria o sentido de sua vida. Não há um único sentido. Isso é muito dramático. Cada um tem que tentar criar o seu sentido.

Nesse ponto os existencialistas têm razão. É muito angustiante. Tem uma dimensão da existência que é inexplicável. Ou você consegue conviver com isso no dia a dia sem apelar para a transcendência – digo no dia a dia porque, de vez em quando, todo mundo apela... – ou você tem que criar algum sentido para justificar, se não explicar, o sentido das coisas.

Eu criei, imagino que sim. Achei que devia ter uma ação intelectual para entender e para mudar o Brasil.

Na verdade é isso que eu queria, mudar as condições de vida no Brasil. A literatura me influenciou muito, sobretudo a nordestina, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado. Depois as Vinhas da Ira, de John Steinbeck, sobre a revolta social na América da Grande Depressão. Ou mesmo Roger Martin Du Gard com Os Thibault e, já noutra direção, André Gide e, também, a metafísica de A montanha mágica, de Thomas Mann.
Esse caminho da literatura me contagiou e me levou à política.
Passei a vida inteira tentando entender melhor a sociedade, os mecanismos que podem levar a uma sociedade mais decente, como digo hoje, não apenas mais rica, e sim mais decente.

Tem que haver, é claro, algum grau de riqueza, senão a miséria, a escassez, predomina e então não se tem nem liberdade nem igualdade. A escassez é a luta, a guerra pela sobrevivência. Tem que haver um certo bem-estar material. Além disso, porém, é preciso criar uma condição humana de dignidade, de decência, de aceitação e respeito pelo outro.

Tentei entender isso do ponto de vista intelectual e fazer a mesma coisa do ponto de vista político. Então acho que dei um certo sentido à minha vida. Esse sentido tem que ser dado por cada um. Não está dado que todos tenham que ter o mesmo sentido e haverá quem nunca encontre sentido na vida e fique batendo cabeça.
"Quando se vai ficando velho e, portanto,
mais maduro, você tem que valorizar
mais a felicidade, a amizade,
essas coisas que, no começo da vida,
parecem secundárias."
Essa angústia vai ser permanente. Não tem solução. É parte da condição humana. Não sabemos de onde viemos, não sabemos para onde vamos. Tampouco sabemos por que e para que estamos aqui. O que não podemos é deixar que essa angústia da morte e da ausência de um destino claro nos paralise.

Cada um tem que inventar sua resposta. Cada um tem que dar sentido à sua vida. Ela não tem sentido em si. Esse sentido não está dado. Cada um tem que construir o seu sentido. E vai sofrer para encontrar.
Uma resposta está no próprio convívio com os outros. Inclusive com os mortos. Talvez isso arrefeça um pouco a angústia. Não se vive sem amizade, sem amor, sem adversidade.

Quando se vai ficando velho e, portanto, mais maduro, você tem que valorizar mais a felicidade, a amizade, essas coisas que, no começo da vida, parecem secundárias. Você continua querendo mudar o mundo, mas sabe que as pessoas contam.

Embora eu tenha sempre me definido como mais intelectual do que como político, na verdade minha vida foi muito mais dedicada ao público. Isso vem da minha ancestralidade, da minha convivência familiar.
O sentido, para mim, sempre consistiu em buscar fazer alguma coisa que mude a situação mais ampla do que a minha própria. Nunca fui uma pessoa voltada em primeiro lugar para alcançar o meu bem-estar. Eu tenho bem-estar. Diria que quase sempre tive bem-estar. Mas esse não foi o meu valor.

Mesmo em termos subjetivos, na a ideia de felicidade, nunca busquei com denodo a felicidade pessoal. Eu a tive de alguma forma, nunca me senti infeliz. Eu me dediquei muito mais a ver a situação dos outros. De uma maneira modesta, sem proclamar. Nunca andei proclamando, sou solidário, sou do bem. Mas levei a vida inteira pensando no mundo, pensando na sociedade, pensando nas pessoas, nos outros. O sentido que dei à minha vida foi construir isso.

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Fonte: CARDOSO, Fernando Henrique Cardoso – A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80 anos

domingo, 10 de junho de 2012

O mundo está escasso de amor! O que fazer?


Olá!
Nesses últimos dias estive trabalhando em outro projeto que me tomou um pouco do tempo livre, preciso contar a história de um grupo interessante de pessoas aqui da minha cidade, por isso peço desculpas aos leitores do blog.
Bem hoje aconteceu algo interessante em minha casa que me fez refletir sobre algumas coisas do cotidiano, meus filhos começaram uma discussão entre eles,tudo por causa de um jogo de vídeo game, o caçula dizia que sua irmã havia criado uma regra onde dizia que quando começassem a jogar eles teriam utilizar o tempo destinado a isso completamente para o referido jogo, para quem não sabe aqui em casa eles tem uma hora cada um para jogar individualmente, mas eles podem jogar juntos e assim dobrar o seu tempo, lucro pra ambos se eles usarem de cooperação mútua. Pois bem, a discussão começou porque, de acordo com o caçula, sua irmã mais velha havia mudado esta regra e num determinado momento decidiu que não jogaria mais, ela por sua vez dizia que estava cansada e que deseja fazer outra atividade, ler um livro ou ver um filme e que em nenhum momento criou qualquer regra.
Ouvi atentamente ambos e comecei a pensar “Em quem devo acreditar?” Eles pareciam dizer a verdade, aí me deparei com um problema maior do que aquele que eles relatavam. Ele na sua ingenuidade de criança havia entendido dessa forma, ela três anos mais velha interpretava a situação de outra maneira, para mim ambos estavam certos mas ao mesmo tempo estavam errados, isso se tornou um paradoxo para mim.
No meu entendimento o que estava acontecendo era muito sério, pois a mais velha abriu mão de seu jogo favorito para jogar o favorito do irmão e ele achava que como ele gostava do jogo sua irmã também gostava, então baseado nesse fato percebi que estavam faltando amor e gratidão. O caçula se sentia prejudicado por não poder jogar as duas horas daquele jogo, já a mais velha se sentia prejudicada por ter aberto mão das suas preferências em detrimento da felicidade de seu irmão, pois ela queria descansar, se fosse seu jogo tenho certeza que ela não se sentiria cansada.
Eles sentados me olhando e eu comecei dendo:
Vocês sabem o significado da palavra obrigado? - Eles ensaiaram uma resposta mas balançaram a cabeça negativamente, então continuei:
  • Obrigado significa, “Eu me sinto obrigado em lhe retribuir o favor que você me fez!”, eles me olharam.
  • Na verdade é isso que dizemos aos outros quando dizemos obrigado, então quando sua irmã abriu mão do jogo para jogar o seu preferido ela lhe fez um favor e você em agradecimento deveria lhe retribuir esse favor, seja jogando o preferido dela , seja deixando-a descansar, não há nenhuma obrigatoriedade de vocês jogarem o tempo integral, é necessário respeitar os limites de cada um. Olhei para minha filha e disse:
  • Sabe por que você criou uma regra? Ela ficou me olhando, continuei. Porque está faltando respeito entre vocês dois, quando há respeito não é necessário a criação de qualquer regra, falta amor entre vocês, pois quem ama deseja a felicidade do outro, quem ama quer fazer o outro feliz e isso é o caminho para a verdadeira felicidade.
Eles ficaram me olhando e em seus olhos percebi que eles haviam entendido o recado, pediram desculpas e foram assistir filmes.
Esse fato me fez lembrar e tudo o que já passei em minha vida, os livros que li, os mentores que tive ao longo do caminho, lembrei de vários amigos e colegas de trabalho e escola e percebi algo aterrador, o mundo precisa de regras porque falta amor.
No mundo que vivemos são criadas, quase que diariamente novas leis, novas regras, de postura, de comportamento entre outras, e isso acontece porque o mundo tem, a cada dia, menos amor, quem ama não prejudica o outro, quem ama não rouba, não mata, não destrói a natureza ou o seu meio, quem ama trabalha com alegria, deseja possuir grandes amizades, respeita a individualidade de cada um, se o patrão ama o que faz ele é amado por seus subalternos pois suas atitudes são de um verdadeiro líder, as pessoas sob o seu comando desejarão segui-lo onde quer que a estrada levar, se o chefe de família ama sua família fará tudo ao seu alcance para torná-la um modelo do paraíso, onde todos são ouvidos e respeitados, a esposa o encorajará a caminhar nos preceitos da moralidade e do bem, os filhos e orgulharão dos pais e deles seguirão o exemplo. Havendo respeito mútuo tudo se torna mais fácil, até as discussões serão mais amenas e tudo será observado para o crescimento individual e familiar. No ambiente de trabalho se houver amor, haverá reciprocidade, companheirismo, e o trabalho, por mais pesado que seja será leve como uma pluma, qualquer pessoa pode constatar o que digo, quantas vezes, num ambiente onde reina a harmonia chega uma pessoa que está fora de sintonia e parece colocar tudo de pernas pro ar, essa pessoa se for novata é porque ainda não se ambientou, mas se for alguém que já trabalha ali e sempre causa esse desconforto, é porque, infelizmente, não consegue amar nem a si mesma.
Discussões ocorrem, problemas acontecem, mas onde há amor existe a presença de Deus, e assim tudo se resolve da maneira mais harmoniosa possível. Quando encontramos alguém que consegue amar assim, sem restrições, sem medos, sem preconceitos, nós instintivamente desejamos ficar ao seu lado, tornarmos amigos, pois essa pessoa é como a brisa da primavera, que sopra para nos refrescar e mesmo que o calor seja intenso, a sensação agradável que ela nos deixa nos faz desejar mais.
Se você não conhece ninguém assim torne-se para que outras pessoas possam desfrutar do grande amor de Deus manifestado em suas atitudes.
Um abraço.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
A pedido da vida, percorrerei toda extensão do Universo contido dentro do meu coração.” 
Paulo Campus Gerais

Vende-se tudo!


Olá!
Uma amiga me enviou esse texto, achei hiper bacana espero que gostem também.
Lembrem-se: É melhor sermos do que termos.
Devemos ser, mais amáveis. mais afetivos, mais carinhosos, mais caridosos, mais amigos e menos rabugentos, menos reclamões, menos egoístas, menos intransigentes. 
Um abraço!
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)

A pedido da vida, percorrerei toda extensão do Universo contido dentro do meu coração.” 
Paulo Campus Gerais





- VENDE-SE TUDO !

Texto de Martha Medeiros 


No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou: 


- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem. 


- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida. 
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa. 


Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. 


Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu. No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros. 


Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. 


Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. 


Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida. 


Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. 


Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa. 


Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. 


Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:


"só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir,"é melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ! 


Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitude e felicidade. 


São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito. 


Felicidade não é o destino e sim a viagem...

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão Titus, o som do coração Tem momentos em que a gente para. Ou porque a vida manda parar, ou po...