terça-feira, 27 de maio de 2025

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão

Titus, o som do coração

Tem momentos em que a gente para. Ou porque a vida manda parar, ou porque a alma cansou de andar no automático. E aí, num silêncio quase desconfortável, a gente olha pra trás e se pergunta: “Como é que eu vim parar aqui?”

Eu já me fiz essa pergunta. E muitas vezes.

Tem dias que eu fico lembrando de decisões que tomei — ou que deixei de tomar. De palavras que falei no impulso, de oportunidades que deixei escorrer pelos dedos, de caminhos que poderiam ter sido… mas não foram.

É natural. A gente olha pro passado querendo entender, às vezes querendo mudar. Como quem tenta rebobinar uma fita velha, esperando que ao voltar a cena, possa fazer diferente. Mas a vida não tem botão de retroceder. E mesmo se tivesse, talvez não fôssemos mais os mesmos pra reviver aquelas escolhas.

Porque a verdade é dura e bonita ao mesmo tempo: o passado é o chão que me trouxe até aqui, mas não é mais o lugar onde posso caminhar.

E quanto ao futuro… Ah, o futuro é um livro ainda em branco. Uma promessa, um sussurro, um horizonte. Mas também não é o lugar onde posso viver agora. Não posso morar no “e se”, nem no “quando eu tiver”, nem no “um dia quem sabe”. O futuro é esperança, mas não é abrigo.

O único chão real sob meus pés se chama presente.

É aqui que posso agir, transformar, mudar de rumo, respirar, amar, perdoar e, principalmente, me recomeçar. Não é fácil. Não é mágico. Mas é possível. E às vezes, tudo o que a gente precisa é lembrar que ainda há tempo. Tempo pra cuidar da alma. Tempo pra pedir desculpa. Tempo pra dizer “eu te amo”. Tempo pra plantar o que eu quero colher mais adiante.

Já me perdi muito pensando demais no que passou. Já fiquei parado esperando o futuro sorrir pra mim. Mas a vida me ensinou, do jeito dela, que é no agora que tudo pulsa. É no agora que a criança cresce, que a flor desabrocha, que a água corre.

A vida é como um rio, e eu sigo nele. O passado moldou as margens. O futuro é o deságue. Mas o agora… o agora é onde minhas mãos ainda tocam a água. Onde o remo responde ao meu movimento. Onde o coração ainda pode escolher em que direção remar.

Então, se você está me lendo agora e sentindo que ficou pra trás, que perdeu o tempo certo, que a correnteza foi mais forte… respira. Você ainda está aqui. Ainda tem remo. Ainda tem fôlego. E mesmo que o corpo canse, a alma tem sede de recomeços.

Abrace o presente como quem reencontra um velho amigo. Ele estava aqui o tempo todo, esperando você olhar nos olhos dele.

> “O passado me deu raízes. O futuro me dá asas. Mas é no presente que eu decido se fico preso… ou se finalmente voo.”

As Águas Que Já Passaram Ainda Me Tocam

As Águas Que Já Passaram Ainda Me Tocam

Titus, o som do coração

A vida é um rio. Não aquele rio de desenho bonito, de borda certinha e águas calmas. Não. A vida é um rio com correnteza, com curva inesperada, com pedra escondida debaixo d’água e até com trecho raso onde a gente precisa descer e empurrar a canoa com o pé, atolando até o joelho.

E eu tenho remado. Ah, como tenho remado…

Remo desde menino, desde que comecei a perceber que o tempo não volta, e que certas escolhas, mesmo feitas com o coração apertado ou sem pensar direito, moldam o curso da minha história. Cada sim que eu disse, cada não que engoli, cada lugar que deixei pra trás ou que me deixou — tudo isso virou água que passou. Mas que, de alguma forma, ainda me toca.

Porque tem águas que a gente atravessa e pensa que esqueceu, mas elas ficam na gente. Ficam nos gestos, nas memórias, nos silêncios. Ficam no jeito como olho pra alguém, no modo como seguro uma xícara de café, nas palavras que escolho dizer… ou evitar.

Eu já tive dias em que quis nadar contra a corrente, só pra tentar voltar. Voltar pra consertar uma fala atravessada, pra fazer diferente uma escolha que fiz com pressa. Mas aprendi, com o tempo — e com algumas boas quedas — que não se volta ao mesmo lugar sendo o mesmo. Porque nem o lugar é mais o mesmo e nem a gente é.

Hoje, quando olho pro meu passado, não faço isso com vergonha nem com arrependimento. Faço com respeito. Com aquele sentimento de quem reconhece que até o erro teve seu papel, que até a dor me ensinou. O passado, com tudo o que trouxe, me empurrou até essa margem onde agora eu me sento, respiro e continuo.

E o presente… ah, o presente é onde minha mão ainda toca a água. É onde posso mudar o rumo, ainda que leve tempo. É aqui, agora, nesse instante, que eu posso escolher se sigo tentando remar sozinho ou se aceito ajuda. Se continuo ignorando as pedras ou se aprendo a navegar por entre elas.

A vida é um rio, sim. E eu sou parte dele. Sou também água em movimento, lembrança que escorre, sentimento que flui.

E mesmo sabendo que não posso mergulhar duas vezes na mesma água…
Ainda me emociono com o som que ela faz ao passar.

> “O passado me trouxe até aqui. O presente me dá as rédeas. E o futuro? Ah, o futuro começa com o próximo remo.”

O Presente é a Margem Onde os Pés Tocam o Chão

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