Fonte do texto: http://olharqualitativo.blogspot.com.br/
Apego. Uma pedra que queima a mão mas...
Os sociólogos têm desenvolvido interessantes estudos sobre as mudanças
que caracterizariam as pessoas de acordo com a época em que elas
nasceram. Esses estudos levam em conta o que é valorizado por cada
geração. Por exemplo, as pessoas que nasceram entre os anos 60 e 70 do
século XX têm uma forte ligação com a televisão, uma vez que foi nesta
época que a mídia televisiva explodiu no mundo. Já as pessoas que
nasceram a partir de 1995, foram alcunhadas de geração Z – a geração que
nasceu ligada na internet.
Mas o que podemos pensar como elementos que assemelhem as pessoas que nasceram nestes últimos 50 anos?
O descarte e o consumo de produtos são dois fenômenos crescentes que
assinalam esse espaço de meio século. Só no Brasil, segundo o IBGE, a
produção de lixo era da ordem de 290 mil toneladas por dia em 2000. E de
acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio promovida pelo Instituto para
Desenvolvimento do Varejo de São Paulo, as vendas reais cresceram 12,5%
no mês de março de 2012 na comparação com março de 2011. Ou seja,
jogamos muita coisa fora e também compramos cada vez mais.
Em meio a esse turbilhão de índices estratosféricos de descartes e de
consumo um traço atemporal das pessoas nos chama a atenção: o apego.
Sobre o sentimento de apego têm-se diferentes acepções. Elas vão desde
interpretação negativa dada pelas linhas religiosas como aquilo que mais
prejudica o ser humano em seu desenvolvimento, até as estratégias das
empresas para conseguir a fidelização completa de seus clientes (o sonho
dos gestores de cartão de crédito é que os clientes comprem até água
mineral através de seus bilhetes plásticos).
Em Psicologia estuda-se o apego como algo necessário no estabelecimento
dos laços afetivos e de valorização dos elementos que compõem a
identidade de cada pessoa. Quando ele toma contornos patológicos gera
conjunturas complexas como síndromes e até tragédias humanas. Casos
intrincados em que uma pessoa sofre com uma relação extremada de apego a
outra pessoa, animal ou objetivo desafiam os profissionais de
Psicologia Clínica e de Medicina. E ainda não se encontrou uma cura.
Uma anedota antiga conta que um componente de uma tropa de viajantes
encontrou uma fervente pepita de outro às margens da cratera de um
vulcão. Rápido ele a pegou com as mãos acreditando que ali se encontrava
a sua imediata aposentadoria. Suas mãos começaram a queimar. Ele
gritava de dor. Os outros viajantes vieram em seu socorro e lhe falavam
para que soltasse a pedra. Mas ele não aceitava perde-la. Conclusão: ele
perdeu as mãos.
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