segunda-feira, 25 de maio de 2020

Lembranças - Parte III

Oi!
O ano é 1991 eu estava em casa à noite em Aparecida de Goiânia cidade que faz parte da região metropolitana de Goiânia. Por volta das 19 horas escutei crianças chamando à porta, minha mãe foi atender e eu permaneci no meu quarto, ela os cumprimentou e daí a pouco começou a mexer nas latas de mantimentos na cozinha, fui ver o que estava acontecendo e ela estava tirando um pouco de arroz, feijão, açúcar e parte de outros mantimentos, colocando-os em sacolas de plástico, levou e entregou às crianças.
Fui ver quem era e percebi que eram umas cinco mais ou menos, o mais velho deveria ter uns 12 anos e o mais novo uns 6 anos. As crianças agradeceram com o tradicional "Obrigado Tia Dulce" e foram felizes pra suas casas, minha mãe fechou a porta e eu a perguntei o que estava acontecendo. Achei realmente estranha a atitude dela  pois a poucas horas estávamos nós sem um grão de arroz em casa, pois eu e meus irmãos estávamos desempregados e o pagamento dela estava com atraso de cinco meses, e os mantimentos que naquela hora tínhamos era uma doação do grupo de jovens da igreja que somos membros (em outro momento contarei essa história).
Minha mãe se sentou na sala e me disse:
- Você viu como ficamos preocupados por não ter o que comer não é mesmo? E olha que foi só hoje, graças a Deus e nossos amigos não chegamos realmente a passar fome, mas aquelas crianças vivenciam isso todos os dias.
- Elas residem com sua avó, são no total nove crianças de várias filhas e filhos dessa senhora, eles tem filhos e acabam trazendo pra ela criar, e também não ajudam financeiramente. Essa senhora é aposentada mas o dinheiro dela só dá pra pagar as contas e comprar seus remédios, e o pouco que sobra consegue fazer uma compra que dura no máximo 10 dias.
- Eu sei disso porque os quatro mais velhos são do projeto que eu sou  monitora na Assistência Social, e enquanto eles tem o que comer eles participam, quando eles somem eu já sei que está faltando comida.
- Você viu que eles estavam com outras sacolas?
- Sim!, respondi.
- Então, aquelas crianças levantam de madrugada pra pegar o primeiro ônibus pra irem no CEASA, elas chegam lá já no final das vendas e elas ficam pegando no chão ou no lixo as verduras que não foram vendidas, é tão longe que elas só conseguem chegar nesse horário.
- Quando chegam em casa, sua avó tira as partes inservíveis das verduras e coloca numa lata com água fervendo, pra cozinhar as verduras, e depois de temperada com sal ela coloca papelão picado pra engrossar o caldo e dar sustento na alimentação, assim todos dormem com o estômago cheio.
Quando minha mãe acabou de me contar, eu estava chorando. Na verdade enquanto escrevo meus olhos se enchem de lágrimas, essa história me impactou muito, marcou minha alma pra sempre. Realmente eu não sei o destino dessas crianças, fui trabalhar em outros estados, em outros município, escrever minha própria história, mas aquela noite, foi um divisor de águas para mim.
Prometi a mim mesmo, fazer o possível e o impossível para ajudar as pessoas, aquilo que não consigo fazer envio às mãos de Deus enquanto faço minha parte. Quando vejo pessoas maltratando outras pessoas, julgando-as por se acharem melhores, por uma questão de instrução, posição social, financeira ou status, meu coração dói, como uma adaga cravada fundo em meu peito.
Sempre me lembro dessa história, toda vez que vejo alguém sofrendo, por qualquer motivo, eu me coloco à disposição pra ajudar, e mesmo quando a pessoa não me agradece, mesmo quando essa mesma pessoa me machuca, com atos ou palavras, eu me lembro da lata com água fervendo em cima de uma trempe improvisada de fogão à lenha, com verduras semi estragadas e papelão pra engrossar o caldo, e assim me ergo e continuo a minha jornada.
Creio que a vida é assim, a maioria das pessoas gastam seu tempo em discussões superficiais, muitas vezes se digladiando pelo bem próprio, pelo próprio bolso, pelo próprio "status quo". Existem pessoas reais, passando por necessidades reais, desejando nossa ajuda real.
Às vezes precisamos sair de nossa caixa, para ajudar a quem de nós exige atenção.
Obrigado por ler até aqui, um grande abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Tempestade

Oi!
Estamos vivendo um momento único em nossas vidas, o mundo estarrecido vê seus entes queridos a terem suas vida ceifadas, por um elemento da natureza invisível aos olhos, essa "figurinha" veio pra mostrar que apesar de todo nosso avanço, somos vulneráveis, mas não estou escrevendo aqui pra falar da saúde.
Esse "marginal" vem mostrando outras situações que deveríamos ficar atentos, não que a saúde e as mortes não tenham importância, ao contrário, devem ser o foco de nossos esforços para detê-lo, mas como numa prisão na vida real, estamos polemizando situações, pensamentos e sentimentos, trouxemos esse meliante para nossas páginas de redes sociais fazendo dele o centro de um pandemônio mundial.
Pessoas se atacam, se machucam mutuamente, e com essas atitudes mostramos que não evoluímos como seres "espirituais passando por uma experiência humana", amigos se digladiam, inimigos se ferem, um verdade falsa é aceita por conveniência, por interesses próprios, são divulgadas sem qualquer cerimônia.
Mostramos nossas garras, nossos caninos (apesar de termos os perdido durante nossa evolução biológica), como se diz popularmente "vamos direto à jugular" sem dó nem piedade, pessoas se agridem mesmo sem se conhecer, e o foco principal que deveria enjaular o "meliante" fica em terceiro plano, sim terceiro, pois o segundo plano ainda é defender seu próprio ponto de vista. 
Existem pessoas sérias, comprometidas em salvar vidas, garantir direitos e alimentar que passa fome, mas existe uma horda que tenta a todo custo manipular, ditar, comandar, ter poder. 
Em meio a tudo isso há os desavisados que hora compram uma ideia hora defendem outra posição, são pessoas de pouco conhecimento mesmo tendo alto grau de instrução.
Eu vejo pessoas se compadecendo do sofrimento, das chagas, das feridas e crucificação do filho de Deus, mas no seu dia a dia fazem a mesma coisa, chicoteiam seu semelhante, colocam coroas de espinhos nas cabeças dos que estão ao seu redor, abrem chagas na sociedade para defender seu ponto de vista. Que tipo de fé é essa? 
Creio que Deus nem passa por suas cabeças, quem dirá no coração! Fé no ser humano? Não, pois se tivessem não infringiriam tanta dor ao seu próximo. Fé em si mesmos? Engano total, quando uma pessoa tem fé em si a primeira coisa que ela faz é se colocar no lugar do outro, e salvo uma pessoa demente ou "aceta", ninguém deseja se auto mutilar.
Não há fé, há um desejo imensurável de ter controle da situação, o domínio da população, o enriquecimento próprio, sua auto satisfação, o desejo de parecer importante. Há pessoas boas, desejosas do bem comum, mas temos incutido em nosso ser que o mal de destrói sozinho, de que o bem deve respeitar a opinião de todos, de que as pessoas boas possuem uma aura de proteção natural. É uma meia verdade.
Há uma frase muito profunda "O mal atua enquanto o bem não se manifesta", temos de ter cuidado com essa frase, o ser humano tem, por natureza, a capacidade interpretativa de textos, e o perigo está em como interpretamos essa frase. Muita gente perdeu a vida por defender posições complexas de enfrentamento armado. 
Na atual conjuntura há uma necessidade de filtrarmos as informações, pesquisarmos mais detidamente as notícias , não defender o indefensável, ter auto crítica é fundamental, precisamos aceitar que somos passíveis de erro, que não devemos ter vergonha de dizer "errei", e mudar os seu conceitos. E como cidadão de bem devemos dizer que o certo é "certo", que o errado é "errado".
Hoje eu consigo entender melhor o que Noé deve ter passado no momento que estava construindo a Arca, um grupo chamando-o de lunático, um grupo atacando o primeiro grupo mas não por defendê-lo e sim por serem contra o primeiro grupo, um terceiro grupo achando que tudo não passava de um engano e por isso não precisavam fazer nada, e um outro grupo vendendo quinquilharias como souvenires de um momento histórico sem qualquer relevância. E perceba, "somente os animais ouviram a voz de Deus".
Evoluímos?
Deixo a resposta para você.
Obrigado por ler até aqui, muito obrigado do fundo do meu coração. Um grande abraço.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

terça-feira, 19 de maio de 2020

Titanic

Oi!
Eu assisti o filme Titanic, um clássico à época, vencedor do Oscar, uma história emocionante, com efeitos visuais hiper realistas trazendo à tona todos os acontecimentos, sofrimentos e situações humanas com uma dramatização impressionante.
Não há quem não tenha gostado do enredo, da mescla entre realismo e fantasia, para se contar a história a equipe optou por escolher "Jack" e "Rose", dois jovens de classes distintas que se apaixonaram e tentaram transpor as barreiras sociais impostas à época.
Independentemente de todos os fatos apresentados, e como disse, alguns reais e outros utilizados para temperar a trama vou me ater a esses dois personagens, mas por um ângulo, ao meu ver, diferente.
Jack, Irlandês, pobre, ganha a a passagem para a unica viagem num jogo de cartas e Rose, moça de família falida mas que precisa manter a sua posição social na classe alta , com a mão prometida para um banqueiro rico para garantir o futuro de sua mãe. Isso todos já sabem, o casal se encontra e se apaixona, o navio em si é um retrato da sociedade européia à época.
Depois de muitas situações mostradas no filme, desde a escolha da velocidade a ser utilizada até a pressão por parte dos donos da empresa White Star Line, onde a arrogância humana é mostrada em todas as suas nuances. 
Não sou critico de cinema e nem tenho a pretensão de contar toda a história do filme, então vamos avançar a "fita", e chegaremos ao momento onde Jack e Rose estão no mar, Rose em cima de uma porta de madeira e Jack na água tentando preservar a vida de sua amada, e é nesse ponto que eu me peguei na minha observação.
Quando gostamos de alguém, seja o amor idílico, amizade ou companheirismo, tomamos a decisão de aceitar a pessoa do jeito que ela é, criamos uma expectativa sobre essa pessoa, utilizando nossos valores pessoais como parâmetro para tudo que acontece. Passamos a acreditar, no início do relacionamento, que aquela pessoa tem muita coisa que nos faz admirá-la e até mesmo nos apaixonar, o tempo passa, e em se confirmando esses pontos, passamos a ficar cada vez mais próximos, a criar mais expectativas e nos relacionando cada vez mais proximamente, dependendo do relacionamento, começamos a "fazer vista grossa", sobre alguns temas, atitudes e escolhas daquela pessoa, muito por entendermos que são coisas de menor relevância, outras vezes, no ímpeto de criarmos uma imagem nossa na outra pessoa começamos a tentar corrigi-la, moldá-la em nossa forma.
As duas situações são um equívoco, sendo a última mais invasiva e passível de um erro irreparável, mas há uma terceira situação que, ao meu ver, pode ser tão ou mais prejudicial que as duas anteriores. Isso acontece quando envolvemos a pessoa em nosso sentimento verdadeiro, seja amizade, seja amor, e nos tornamos dispostos a qualquer sacrifício para preservá-la, no caso de Jack ele se coloca em perigo para salvar a vida de sua amada Rose e paga o preço o qual está disposto a pagar e fatalmente a "fatura" chega. O mar gelado, o cansaço e o amor de Jack o levam para o fundo do oceano, não antes de ele fazer um último pedido, para que Rose vivesse a vida dela pelos dois.
Eu ouvi muita gente questionando o porquê Jack não subiu junto com Rose na tal porta, há diversas explicações, inclusive do produtor executivo, todas plausíveis. Mas eu vou além na minha observação.
Rose cumpriu o desejo de Jack, teve uma boa vida, se livrou de seu carcereiro rico, das algemas douradas, armadilha social. Trocou seu nome, se aproveitando da confusão do momento e fez tudo o que desejou sempre com seu amado Jack em mente. Sentimento de gratidão? De arrependimento? De remoroso? Talvez tudo junto, não é verdade?
Mas e Jack? No fundo do oceano, seu túmulo eterno. Será que se arrependeu? Será que nos seus últimos momentos, segurando o fôlego e vendo a imagem de sua amada se misturando ao oceano se distanciando, pensou em como foi feliz, como conseguiu o que sempre desejou? Será que seus sonhos, desejos, vontades e objetivos passaram por sua mente já entorpecida pela hipóxia.
E nisso que me prendi em minhas observações, não antes de me emocionar na primeira vez que o assisti no cinema, com lágrimas nos olhos emocionado como o imaginário coletivo.
Quantas vezes nos anulamos pelo bem de quem gostamos? Já ouvi e li textos de pessoas se dizendo decepcionadas com um amigo ou um amor, mas será? A culpa é do outro? Não será nossa responsabilidade de nos anularmos, abrirmos mão de nossas convicções por essa amizade ou amor?
Será que não agimos como o Jack que sacrifica sua vida, seus sonhos, seus objetivos para salvar a vida da amada Rose? 
Eu sei que nós humanos somos capazes de feitos incríveis, tanto bons quanto ruins e tudo dependerá de nosso próprio ponto de vista, mas será que vale à pena nos anular pelo bem de outro? Seja amizade ou amor? Creio que esse comportamento é também um excesso, e todo excesso é prejudicial, creio já ter falado sobre isso noutro post. 
Talvez se Jack mantivesse o equilíbrio emocional, não digo que é fácil, e assim procurasse um lugar para sua proteção, ele poderia ter vivido uma vida plena ao lado de sua amada, poderiam ter filhos, construir uma história, etc.
Agora vamos ao final do filme, não é spoiler, Rose já de idade avançada, no final de sua vida, vai até o tombadilho do barco dos pesquisadores e faz uma grande revelação, o diamante "Coração do oceano" está em seu poder desde a catástrofe, ela o solta e devolve ao mar.
Cena bonita, romanceada, um final inesperado. Será? Com o tempo, o grande amor de Rose tornou-se uma lembrança, um momento único em toda a sua história, não que seja de menor valoração, mas é uma lembrança, como uma página no seu grande livro da vida. E no final, a manifestação de seu desapego é demonstrado no abrir mão de uma joia rara. Não digo que a vida de Rose foi dignificante, nem que ter conhecido Jack não tenha sido significativo para ela, mas ela continuou vivendo, enfrentando seus desafios e chegando ao final de seus objetivos.
E isso me fez pensar. Será que com algumas amizades e amores eu não fui muito apegado? Será que abrir mão de meus conceitos por uma amizade ou amor não foi um passo errado? Será que me projetar nas outras pessoas causou um certo desequilíbrio em minha vida ou na vida dessas pessoas?
Eu as vezes me vejo no Jack, me colocando em risco para proteger uma amizade, defender uma pessoa ou um conceito. Correndo o risco de me afogar no imenso oceano da vida.
Às vezes o que parece ser sorte pode ceifar sua vida, às vezes um grande amor pode te levar para um abismo, às vezes uma forte amizade pode de ferir, creio que precisamos de equilíbrio e sensatez em todas as nossas decisões.
Um grande abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração"  (๏̯͡๏)

"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Gratidão

Oi!
Dia 16 de maio é comemorado o dia do gari, apesar disso poucas são as manifestações sobre o tema, haja vista que muitos de nós nem percebemos a sua existência, é uma das muitas categorias "invisíveis" à sociedade, acredito que mesmo eu não a valorizaria se não tivesse a experiência que vou relatar.
Logo que cheguei em Pará de Minas, vindo da cidade de São Paulo, distribuí currículos em todas as empresas e locais, pois necessitava trabalha para sustentar minha família, à época minha filha havia acabado de fazer um ano de nascimento e eu precisava pagar aluguel, comprar mantimentos e arcar com as despesas.
Minha mãe, dentro de suas possibilidades, assumiu esse compromisso até que eu conseguisse trabalhar. Depois de muito procurar não aparecia qualquer proposta, cheguei a ser chamado para entrevistas que não ocorreram mas eu não desistia. Consegui um trabalho momentâneo no antigo bar Gingas Bar, atual Casa Velha, fui chamado pra ser porteiro e segurança do local, mas já no início resolveram que eu poderia ser garçom, trabalhava às quintas, sextas, sábados e domingos à noite, ja dava para cumprir alguns compromissos, e eu realmente gostava daquele trabalho, mas era temporário.
Depois de alguns meses, a empresa de coleta de lixo do município me chamou pra uma entrevista, minha prima havia entregue meu currículo lá, pois ela e meu outro primo já trabalhavam na empresa, ela havia dito que eu estava disposto a trabalhar em qualquer função. Acredito que confiaram em sua fala por causa do trabalho bem realizado tanto dela quanto do meu primo.
Chegando na empresa fui informado que iniciaria no dia seguinte como coletor de caminhão, fiquei tão feliz, começava a ter um trabalho de carteira assinada com todos os direitos e um salário para manter minha família. Me entregaram o uniforme, de cor laranja e os equipamentos de EPI, voltei pra casa todo animado, agradecendo a Deus e Meishu-Sama pela oportunidade.
No dia seguinte, às seis e cinquenta da manhã estava eu no local de início do trabalho, o encarregado me apresentou a turma com a qual eu iria trabalhar e saímos logo depois das orientações sobre o que iríamos fazer.
Vou ser sincero, foi um dia muito difícil, descer correndo, pegar as sacola de lixo e retornar pro caminhão em movimento é bem difícil, precisa ter um preparo físico e equilíbrio além do timing perfeito, senão você se machuca. O dia passou rápido, a rota muito longa e difícil, cheia de subidas e decidas, além de ter de descarregar no antigo "lixão" toda vez que o caminhão ficava cheio. Levei uns dez dias para me acostumar, com o cheiro, o trabalho, a turma e as rotas.
Nos primeiros dias, chegava em casa, tomava um banho e ia deitar não sentia fome, só cansaço e por isso dormia direto. O tempo passou e fui me acostumando, meu corpo se adaptou e meu olfato também, como é interessante a mente humana, por um lado isso é bom mas por outro nem tanto, quando tiver tempo irei detalhar esse pensamento.
Depois de alguns dias comecei e perceber que em alguns casos éramos vítimas de um descaso e até preconceito de algumas pessoas, um exemplo disso era quando pedíamos um copo com água para uma pessoa e na hora que íamos devolver os copos a pessoa dizia que podíamos jogar fora porque estava "contaminado", isso me aborrecia bastante, e eu via que meus colegas já estavam acostumados com esse tratamento. Eu, ao contrário, me sentia frustrado, não concordava com esse tipo de atitude, sentia que precisava mudar, mas como?
Eu aprendi que um trabalho sem objetivo é apenas trabalho, então precisava acha um motivo justo pelo qual Deus havia me colocado naquela função. Com isso em mente e após ler vários títulos no livro "Alicerce do Paraíso", achei um motivo enobrecedor para o meu trabalho. Passei a utilizar o processo conhecido no Japão como "Mitamamigaki" traduzido como "Polimento do espírito", eu sentia a necessidade de mudar meu sentimento em relação às pessoas e ao meu próprio serviço. 
Todos os dias ao acordar, fazia uma oração e desejando mudar meu sentimento, comecei a oferecer o meu trabalho de limpeza na cidade como limpeza espiritual de todas as casas as quais eu e meus colegas recolhíamos o lixo. Desejando que cada saco recolhido fosse uma mácula espiritual e que com isso aquela família evoluísse espiritualmente e com isso alcançando seus desejos e merecimentos, melhorando sua saúde e prosperidade.
Com essa prática diária comecei a ver as famílias com outros olhos, passei a prestar mais atenção ao meu sentimento e percebi que a minha gratidão por elas aumentou consideravelmente, eu já não me sentia frustrado, pelo contrário, estava revigorado e meus colegas também haviam mudado seu temperamento, estavam mais comprometidos com o serviço, sendo mais atenciosos uns com os outros e já não ocorriam reclamações sobre nossa rota, tanto da parte dos funcionários e empresa, quanto das famílias que atendíamos.
Já haviam pessoas em empresas que faziam questão de nos dar lanches e café, mas depois que inciei essa prática silenciosa e altruísta, passamos a ganhar presentes, a ver pessoas na rua nos cumprimentando, desejando bom dia e agradecendo pela nossa missão.
"O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor." Madre Teresa de Calcutá
Alguns meses depois fui convidado a fazer um curso de especialização na sede da empresa em Belo Horizonte, onde pude conhecer seus proprietários e toda a logística da empresa, fiquei no apartamento de outro primo que me proporcionou todo o conforto necessário, e assim, ao retornar, iniciei meus trabalhos no escritório em Pará de Minas, e o mais interessante, todos os funcionários, inclusive meus primos, se sentiram representados, diziam que finalmente havia "um deles" no comando e que isso melhoraria a valorização do seu trabalho.
Muitas outras coisas aconteceram e futuramente detalharei, mas o que me chamou a atenção neste momento foi exatamente a mudança de meu sentimento em relação às pessoas e ao meu trabalho. Realmente confirmei que trabalho sem objetivos é apenas trabalho, mas quando colocamos um sentido, um sentimento verdadeiro como objetivo de vida os resultados são enormemente potencializados, o retorno ocorre de forma exponencial.
"É realmente verdade que gratidão gera gratidão e lamúria gera lamúria. Isto acontece porque o coração agradecido comunica-se com Deus, e o queixoso relaciona-se com Satanás. Assim, quem vive agradecendo, torna-se feliz; quem vive se lamuriando, caminha para a infelicidade. A frase "Alegrem-se que virão coisas alegres", expressa uma grande verdade." Meishu Sama
Um grande abraço!
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ser humano


Oi!

Um amigo que sempre leu as minhas crônicas, me disse, entre outras coisas, o seguinte:
- Para ser diferente, basta um querer. 
Gostei da frase, talvez porque eu mesmo sou atraído por desafios pessoais, pela diferença, pela diversidade, nunca gostei do marasmo confortável de ficar deitado no sofá vendo a vida passar em minha frente, sempre quis e gostei de fazer história.
Quando era pequeno na escola, na hora do recreio, eu ia pra biblioteca ler livros, engraçado naquela época muita gente achava legal e hoje é justamente o contrário, vai entender! Enfim, eu gostava dos livros de Malba Tahan.
"Malba Tahan ou Júlio César de Mello e Souza (1111 – 1921), um caso raro de professor que ficou quase tão famoso quanto um craque do futebol. Em classe, lembrava um ator empenhado em cativar a plateia. Escolheu a mais temida das disciplinas, a Matemática. Criou uma didática própria e divertida, até hoje viva e respeitada. Ainda está para nascer outro igual ."Fonte: Biografia de Malba Tahan http://www.juraemprosaeverso.com.br/BiografiasDePessoasFamosas/MalbaTahan.htm.
Em seus célebres livros eu viajava nas histórias, bem ordenadas, sobre o povo árabe e suas tradições e, foi ali naquele momento, que eu me apaixonei pela matemática, comecei a entender porque aquele  povo influenciou o oriente e o ocidente através dos números, a forma de raciocínio lógico, seu jeito de analisar cada fato e os possíveis resultados. Quando os cálculos estavam corretos nada poderia impedir o sucesso, mas se por um erro de interpretação fosse tomada uma decisão equivocada a catástrofe seria iminente.
Como disse, eu viajava nas histórias e tentava acompanhar o raciocínio lógico. Era um desafio tão gostoso que eu contava as horas para continuar a leitura, enquanto lia eu via imagens,paisagens e personagens na minha frente, eu me fazia parte, tentando ser o protagonista da história, era uma delícia, eu tinha tudo para ser vítima do tão famigerado e atual "bullying" (nós éramos mais caipiras, chamávamos de "chacota"). 
Meus colegas me respeitavam, gostavam de minha companhia, da quinta a oitava série (hoje isso também mudou) fui eleito representante de sala, no Segundo Grau (Ensino médio hoje) continuei o sendo. A pergunta que nunca calava: “Porquê?” 
Hoje, fazendo uma retrospectiva da minha vida,percebo que eu era (e ainda sou) diferente, sem ser! Me explico, desde pequeno nunca busquei a glória, títulos ou seja lá o que as pessoas buscavam, primeiro porque venho de uma família humilde (jeito charmoso de dizer pobre) meus pais sempre me ensinaram que colhemos o fruto de nosso suor, que não há como plantar goiaba e colher pêssego, é impossível, que o melhor caminho não é o mais curto e sim o mais seguro,pautado na verdade, lealdade, sinceridade, irmandade, amizade, e que ninguém é melhor que ninguém, que qualquer pessoa é capaz de realizar grandes feitos, desde que se empenhe pra isso.
Então eu me tornei uma pessoa comum, que adquiria grande conhecimento, com uma capacidade de aprendizagem enorme, e curiosidade acima da média, e isso se refletiu na minha postura, acabei aprendendo que quanto mais ensino mais abro espaço para aprender, aprendi que a gratidão de uma pessoa, quando você a ensina, pode mudar o seu destino.
Também aprendi que vaidade, pedantismo, mania de grandeza, fazem parte da psique humana, e por isso tive meus momentos vaidosos, mas eles não me trouxeram nada de construtivo.
Com meu aprendizado diário venho evoluindo e aprendendo a respeitar o tempo de cada pessoa pois, nem sempre o que você acha ser bom para ela o será e  às vezes essa pessoa é feliz como é, pelo que passa e onde se encontra.
Às vezes dou um passo atrás, não por ter raiva de uma pessoa, mas por saber que tenho de respeitar seu espaço, mesmo que eu veja que aquilo que ela esteja fazendo só lhe trará infelicidade, mas ela se sente feliz, e eu tenho que esperar até o momento certo para ajudar, e esse momento dependerá de sua manifestação e desejo.
Voltando ao "para ser diferente, basta um querer", continuei a minha busca por entender o que é a vida, não a famosa questão fundamental, “de onde?”, “porquê?”, “pra onde?”, e sim a verdadeira questão “como?”, sempre que decidimos nos colocamos diante de dois caminhos. Tenha a certeza que cada um o levará a outra escolha, outra decisão, e no final você acaba por se tornar a soma de suas escolhas, talvez por isso eu demore a tomar certas decisões, porque elas influenciarão a vida de diversas pessoas que estão e estarão ao meu redor.
Algumas escolhas parecem ser simples, outras mais complexas, mas todas terão resultados para a vida, por isso cuidado!
Eu escolhi ser diferente sem ser. Brinco, rio, faço o que devo fazer com seriedade e concentração, mas não perdi aquele menino curioso, que quer aprender, que busca amar e ser amado, que tenta ser respeitado respeitando. Eu tento ser comum, tento evitar holofotes, não quero e nunca quis ser o dono da verdade, sempre quis sim, conhecer, aprender, analisar, desmontar e montar, fuçar (essa palavra é bacana). O interessante é que, mesmo evitando tudo isso, a vida me coloca em evidencia, mesmo não querendo aparecer, lá estou eu na frente.
"Para ser diferente, basta um querer", essa frase é bacana, sabia que se você se propuser a ser diferente, muita gente desejará estar ao seu lado? E se você for um líder nato você se surpreenderá, caso não seja, não se preocupe, pois mesmo assim muita gente vai desejar estar contigo.
Creio que a grande mudança da humanidade é perceber que suas escolhas definem o rumo que todo o planeta e os seres nele contidos tomarão no futuro, que o que tocamos aqui agora, vai invariavelmente mudar a vida de alguém em outro lugar, por isso precisamos ser gentis, "a gentileza gera gentileza e essa atitude poderá salvar o planeta.
Lembre-se disso:
"Para ser diferente, basta um querer".
E diga sempre:
"Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei."
Um abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."
Foto: https://wallpapercave.com/different-wallpapers

Equilíbrio

Oi!
A cada dia que passa somos bombardeados por informações das mais diversas, algumas verdadeiras, outras falsas, muitas nos deixam com medo outras nos dão esperanças. Precisamos criar uma barreira, criar um processo que nos proteja de notícias que nos desanime, que nos faça perder a fé. Há uma necessidade de sabermos a quantas andam os problemas no mundo mas, ao meu ver, o excesso de informação também é prejudicial.
Vou me explicar, a água mata a sede, refrigera o corpo, alimenta as células, cria processos naturais que ajudam no transporte de nutrientes no sangue até os órgão vitais, ajuda desde a criação de ácidos nos estomago, na quebra de moléculas nos intestino, na eliminação de toxinas, na diminuição da temperatura corporal mas, em excesso a água pode matar, e não estou falando de afogamento.
Apesar das controvérsias sobre a quantidade de água que devemos beber por dia, a Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos recomenda a ingestão diária de 3,7 litros de água para os homens, o equivalente a 15,6 copos, e 2,7 litros para as mulheres, ou 11,4 copos. (Fonte: Google)
Caso seu consumo seja exagerado pode desencadear processos que causarão desde um mal estar, podendo provocar a morte.
Creio que isto aconteça com qualquer coisa na vida, inclusive informação. O excesso de informações alegres podem embotar nossas observações sobre a vida, nos deixando incapazes de tomar decisões corretas, acreditando que estamos no "País das Maravilhas", por outro lado, o excesso de notícias ruins pode nos causar depressão, doenças de origem mental, com manifestações físicas, tornam-se psicossomáticas.
E como proceder então?
Antes de expor minha opinião acho necessária uma ou outra observação sobre o tema. Existem pessoas que, ao ler uma notícia, acreditam de forma cabal, não por ser verdadeira, mas por ser conveniente às suas crenças pessoais, defendem o indefensável, causando até um certo desconforto ao seu redor. Ao meu ver, pessoas assim ficam com a crítica e a autocrítica embotadas, incapazes de reconhecer a realidade. Há diversos fatores que levam uma pessoa a esse tipo de atitude, pode ser de ordem religiosa, econômica, psicológica, emocional, influencia de grupos os quais participa e as mais diversas necessidades pessoais e particulares. 
Uma doença que assola o mundo, mas que, pelo mesmo motivo que nos torna a raça tida como a mais evoluída do planeta também pode causar a distorção, muitas vezes nefasta, da realidade. O motivo, dentro da minha compreensão, é "somos seres sociais", precisamos viver e sobreviver em sociedade, e por isso saímos a procura de outros que pensam como nós, quando não os encontramos passamos a divulgar verdades, pseudo verdades e até inverdades para angariar simpatia e arrebanhar seguidores.
Na maioria das vezes necessitamos nos sentir pertencentes a um grupo, uma herança que vem desde os primórdios da existência, e por isso, e talvez por isso, propositadamente ou não, nos deixamos influenciar pelos outros, defendendo o grupo para manter nosso sentimento de pertencimento.
Há uma crença que quanto mais pobre e menos instruída a pessoa pode ser manipulada, isso é apenas meia verdade, a verdade plena, e vemos isso nos dias de hoje, é que mesmo as pessoas mais instruídas e com maior poder aquisitivo também são manipuláveis, a diferença talvez esteja no motivo de se deixarem manipular, pessoas com menor instrução não conseguem vislumbrar o horizonte, pois de onde estão e com as situações de seu dia a dia, suas soluções precisam do imediatismo, pois sua sobrevivência, muitas vezes está num prato de comida, no pagamento de uma conta, na compra de um remédio, já ás de maior poder aquisitivo conseguem vislumbrar o horizonte pois conseguem acessar as portas, as informações e assim conseguem criar estratégias de médio e longo prazo, suas necessidade são outras, seus objetivos não se focam num simples "arroz com ovo".
Voltando à pergunta que fiz a pouco, creio que a resposta não é tão simples, ela começa no filtrar informações, abrir os olhos e ter a "percepção verdadeira" de sua natureza particular, da natureza do grupo ao qual pertence e do horizonte que se alinha aos seus objetivos pessoais e coletivos, pra que isso aconteça necessitamos alterar nossas demandas, precisamos reconhecer que o "eu" só existe se "nós" trabalharmos juntos na evolução de tudo e todos.
Respeito, carinho e canja de galinha não faz mal a ninguém. Ser altruísta é pensar no bem estar do próximo, da comunidade, mas também é pensar no nosso bem estar, precisamos entender, urgentemente, que o mundo parece ser grande mas só existe esse mundo, estamos nele, todos juntos, e o que afeta um, afeta todos, como jogar uma pedra no meio do lago, a onda provocada no ponto onde a pedra cai, pode fazer a água molhar meus pés na margem do mesmo lago, não há como fugir.
Equilíbrio, servir, fazer o bem e nos inserir no meio em que vivemos nos faz ter mais respeito às histórias que nos cercam.
Obrigado por ler até aqui, lhe desejo todo equilíbrio necessário para que você se torne uma pessoa feliz que transforma seu entorno num pequeno paraíso, como uma ilha, a soma dessas ilhas se torna um território e a soma desses territórios se tornará uma nação paradisíaca, tendo seu alicerce na verdade, respeito mútuo e no desenvolvimento social.
Um grande abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Lembranças - Parte II

Oi!
No município onde resido uma adutora rompeu e foi interrompido o abastecimento de água em muitos bairros, inclusive o meu. Foram quase vinte e quatro horas para o restabelecimento e mesmo assim, até onde pude observar, a água foi entregue em caminhões pipas nas caixas d'água dos referidos bairros.
Porque estou falando disso aqui?
Ao chegar em casa as vasilhas estavam acumuladas na pia eu peguei um balde o enchi de água, pois não sabia quanto tempo iríamos ficar sem água, e por isso resolvi economizar, ao lavar as vasilhas me lembrei da minha infância em Goiânia, não havia água encanada e uma bomba d'água deveria ser muito cara na época, eram uns trambolhos a pistão que para dar a partida precisava ligar a energia e dar o primeiro giro pra ela começar a funcionar, muitas vezes entrava ar e tínhamos que colocar água no cano pra fazer com que a sucção funcionasse.
Enfim, devia ser muito cara, além de bastante trabalhosa no início, então em nossa casa tínhamos um  sari, ou sarilho (cilindro de madeira acoplado a uma manivela) ao qual se fixa uma corda com um balde na outra extremidade dela e que é utilizado para se extrair a água do poço. Enchíamos latas e latões com essa água (na época nem sabíamos de dengue).
Para tomarmos banho, aquecíamos a água numa lata de banha, num fogão a lenha (na verdade era a conhecida "trempe", tijolos e pedras, sem argamassa, arranjados de forma a criar uma especie de boca para colocar as vasilhas pra aquecer) e usávamos, o que pra mim era a última inovação tecnológica, um balde grande, pendurado numa carretilha, dentro do banheiro com um chuveiro acoplado na parte de baixo e uma alavanca de acionamento. Funcionava assim, colocávamos a água quente no balde e depois a "temperávamos" com água fria ate ficar na temperatura ideal de banho. Puxávamos a corda pela carretilha até uma certa altura e daí acionávamos a alavanca pra liberar a água, tinha de ser rápido senão a água armazenada não daria nem pra um banho e além disso ia se esfriando.
No Jirau (estrado de madeira para lavar roupa e/ou vasilhas), tinha duas bacias de plástico sendo uma pra lavar as vasilhas sujas e a outra pra enxaguar, às vezes tínhamos de trocar a água várias vezes, minha mãe também lavava roupa pra fora e usava esse jirau com bacias maiores e eu como o filho mais velho ficava encarregado de abastecer de água tirando do poço com o "sari", uma vez a manivela escapou das minhas mãos e voltou com toda força pois o balde cheio já estava à metade do poço, fui protegido, pois a dita manivela passou a centímetros da minha cabeça, só senti o vento passando, minha mãe correu preocupada quando viu, e não me deixou puxar mais água naquele dia.
Todas essas lembranças vieram à tona enquanto eu lavava as minhas vasilhas em casa no balde, por causa de uma adutora que se rompeu.
Eu poderia reclamar, eu poderia usar toda a água da caixa, eu poderia culpar a empresa, a prefeitura, mas não, pacientemente fui lavar minhas vasilhas, e essa ação encheu meu coração de gratidão, com as lembranças revividas, passei a pensar nos funcionários da empresa se empenhando em resolver a situação, soldando canos, com água jorrando, num dia frio de outono, pré-inverno.
Comecei a agradecer por ter água encanada, uma pia com torneira, um chuveiro eletrônico, vaso sanitário com descarga, torneira pra lavar a casa e molhar as plantas. Comecei a agradecer pelas pessoas, que nem conheço, que estavam enfrentando um grande problema, no frio pra garantir o abastecimento dos nossos lares.
Eu creio realmente que o nosso dia a dia deve ser permeado de atitudes, mas esta atitudes são resultados de nossos sentimentos e esses sentimentos se originam em nossos pensamentos, então uma pergunta que fica pra você, "qual a qualidade do seu pensamento?". Há um ditado que diz  o seguinte:
Se você não está gostando do que colhe, observe as sementes que anda plantando!
Acredito que essas sementes são criadas em trilogia "mente, coração e corpo", eu aprendi que devemos buscar ser a soma da "razão, do sentimento e da vontade". Manter a qualidade do pensamento em alta vibração, gera sentimento de gratidão, que por sua vez gera atitudes nobres.
Um grande abraço e muito obrigado por ter lido até aqui.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
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"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

terça-feira, 12 de maio de 2020

Lembranças - Parte I

Foto: O Pensador (francêsLe Penseur) é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin.
Oi!
Quando eu era pequeno, e posso dizer isso, minha avó me contava histórias de sua época produtiva, quando trabalhava nas colheitas sazonais da região. A história que sempre me impressionou era a que ela ia pra colheita de café, e minha mãe, criança de colo, era levada junto, pois não havia como deixá-la em casa, apesar de ser a caçula, os irmãos mais velhos trabalhavam na lida diária e minha mãe necessitava de maior atenção por parte da minha avó.
Que eu me lembre, e minha memória pode estar me pregando alguma peça, ela dizia que a forma de pagamento na colheita do café era assim, colhia-se o café em cestos e o que caia no chão era o pagamento, claro que se caísse muito a pessoa não voltaria no outro dia, era um limite aceitável, um combinado de palavra dada e confiança mútua.
Como disse minha mãe era uma criança de colo, e enquanto minha avó colhia o café colocava a criança na regueira, uma espécie de acero como um mini canal que coletava a água da chuva ou da irrigação talvez,  um "rego" como era chamado e a coleção de "regos" se denominava "regueira". Minha mãe ficava ali, distraída com algum galho, pedra ou coisa que o valha enquanto minha avó trabalhava, sempre com atenção sobre a criança exposta as situações naturais de risco e proteção.
Por que será que esta história sempre me chamou a atenção? Algo que parecia tão corriqueiro?
Creio que por causa da minha criação, comecei a trabalhar muito novo, vendendo picolé, sendo engraxate, vendendo laranjinha (aqui em Minas Gerais chamam de "Chup-chup", no Rio de Janeiro "Geladinho", no Paraná "Saci"), vendendo pirulito de "puxa" (açúcar queimado e derretido no ponto de ser derramado em cones de papel com um palito no meio), pasteizinhos caseiros entre outras coisas.
Eu estudava pela manhã na Escola Estadual Pedro Xavier de Oliveira em Goiânia, cidade que amo e onde fui criado por meus pais, e quando eu saia da escola passava na sorveteria e havia um carrinho de picolé reservado para mim, naquela época somente as crianças e adolescentes que madrugavam na porta da sorveteria conseguiam pegar os carrinhos, mas como o dono gostava de mim ele reservava um pra que eu pudesse trabalhar à tarde.
Eu era bom vendedor, chegava a vender seiscentos picolés numa tarde, às vezes voltava com o carrinho vazio, e  muitas vezes eu era o maior vendedor do dia. Isso acontecia porque eu não tinha medo, vergonha ou preguiça andava quilômetros diariamente, oferecendo nas ruas, nas casas, nas construções até no INMETRO (Instituto de Pesos e Medidas no Setor Sul) chegava no portão, e o porteiro, que também gostava de mim, me permitia permanecer ali vendendo meus picolé aos motoristas, funcionários, e todos que ali passavam. Sempre fui muito bem recebido e tratado, uma vez ou outra havia um desrespeito, mas o próprio porteiro vinha em meu auxílio.
O dinheiro arrecadado das vendas, em torno de 5 centavos (da moeda vigente a qual não me lembro o nome, foram tantas) por picolé vinha pra uma capanguinha (sacola de plástico que ficava no meu bolso) e todo o dinheiro entregava nas mãos de minha mãe, e ela  comprava pão, leite, às vezes cem gramas de café, duzentos e cinquenta gramas de feijão, meio litro de óleo e/ou um quilo de arroz.
Como meu pai às vezes ficava desempregado, e quem nunca passou por isso, parte do sustento da casa vinha dessas vendas que eu fazia junto com a lavagem de roupas para pessoas que minha mãe realizava, meus irmãos à época eram muito pequenos, a diferença de idade entre eu e eles era de cinco e seis anos respectivamente.
Hoje o meu trabalho é, na sua grande parte, trabalhar com famílias vulneráveis, e vez ou outra suas histórias me lembra da minha própria e me fazem lembrar das histórias de minha avó também. Os tempos mudaram, somos uma sociedade mais tecnológica, temos o conhecimento na palma das mãos, mas os problemas humanos continuam praticamente os mesmos, as necessidades são as mesmas, há dinheiro, mas não pra todos, há trabalho, mas não pra todos, há amor, mas não pra todos.
Uma sociedade tecnológica que diminuiu a distancia entre os países e aumento o distanciamento entre as pessoas, e isso bem antes dessa pandemia que assola o mundo. Pessoas se deixaram tornar dependentes, um vício alucinado por conseguir as coisas sem esforço pessoal, por acharem que é um "direito", é sim, concordo, mas e os deveres?
Há um equivoco intencional na sociedade, de fazer quem tem menos, depender de quem supostamente tem mais, e esses últimos preferem manter esse "status quo" em detrimento de uma pseudo superioridade, igualdade não é equanimidade, mas ao meu ver, e salvo melhor juízo, continuamos colhendo café ficando com as sobras no chão, continuamos sendo valorizados enquanto geramos lucro a alguém, continuamos criando dependências em lugar de liberdades verdadeiras.
A história da humanidade continua marcada por repetições, como um loop infinito, onde quem se julga superior ou em melhor condição social explora a força dos sub julgados, subnutridos de conhecimento,  e principalmente daqueles que fazem questão de serem dependentes dos ególatras sociais e que se satisfazem com migalhas como peixes sendo cevados no rio.
Eu sempre acredite que "o sol é para todos, mas a sombra é pra quem merece"!
Um abraço.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
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segunda-feira, 11 de maio de 2020

O Vírus

Oi!
O dia em homenagem às mães passou, um dia em que celebramos a vida, o amor, a gratidão e a esperança por dias melhores, tudo isso junto numa pessoa só. Esse ano foi um tanto diferente, temos uma doença, um vírus que concorre diretamente com esses sentimentos, um vírus da desesperança, do medo, da raiva, da tristeza, do egoísmo e da morte.
Nunca, nesses meus quase cinquenta e dois anos de vida (meio século, dá pra imaginar?), eu vi tanta informação desencontrada, e olha que já vi e participei de algumas crises, nada como a peste negra, mas já vi queda de presidentes, queda de regimes, guerra nas malvinas, gripe suína, vaca louca, hiperinflação, guerra no continente africano, guerra no oriente médio, etc.
Como uma coisa, invisível aos olhos, pode causar tanto estrago? Como um vírus como esse pode obscurecer um dia que deveria ser de comemoração, de união, de família?
A humanidade está atônita, heróis da resistência já não é nome de banda de rock brasileiro, são pessoas, comuns, altruístas, que deixam suas famílias e pessoas a quem amam de lado, para cuidar de pessoas que estão sofrendo, pessoas que se encontram no "front" de batalha, nos caixas de supermercado, na reposição de estoque, na entrega de mercadorias, no plantio de alimentos, na criação de animais, na limpeza urbana, na melhoria da vida. Essas pessoas são consideradas essenciais.
A pergunta que me faço é, pra quem? Quem vê essas pessoas como essenciais? Eu vou ao supermercado, às farmácias, ao mercadinho, ao açougue e o que vejo me estarrece, esses heróis são tratados, muitas vezes, com um desdém, obrigados a ouvir impropérios, absurdos como "Que bom que você está trabalhando! Tem tanta gente desempregada né?", e essa observação não vem com o sentimento de gratidão ou preocupação, vem o desejo de mostrar que aquele trabalhador, aquela trabalhadora, estão ali para serem subservientes a uma condição sub humana que aquele ser humano, sem escrúpulos, insiste em desejar impor a outrem.
Vejo médicos, enfermeiros, plantonistas sendo perseguidos, agredidos, desmerecidos, por cidadãos que se consideram superiores, imunes, exclusivamente protegidos por sua arrogância, sua falta de empatia, sua crença que o mundo é moldado por sua vontade e não pela necessidade alheia. Homens e mulheres que se julgam "super" qualquer coisa, suas roupas possuem um símbolo, que no herói norte americano das revistas em quadrinho é um "S". Essas pessoas se apropriaram indevidamente desse símbolo e o substituíram pelo "$" como um campo de força que não permite o vírus penetrar.
Creio, sinceramente, que o pior dessa apropriação, é que na maioria das vezes essas mesmas pessoas não possuem o produto ao qual esse simbolo representa, e na sua mediocridade didática tentam, a todo custo, impor sua vontade apenas para sua satisfação pessoal, não se importam com o sentimento alheio, não possuem qualquer resquício de humanidade, são biônicas, com seus "I" isso, "I" aquilo, pobres de empatia, antipáticas até, já não são humanos, são autômatos seguindo uma programação virulenta de execrar aqueles a quem não consideram seus pares, com seus carros importados, ar condicionado, mente condicionada.
Como uma mãe, verdadeira mãe, não qualquer uma, MÃE com "M" maiúsculo, pode concorrer com um vírus assim. O vírus da intolerância, da arrogância, do egoísmo e do apego. Como ela pode concorrer? Incrível pensar, que essas pessoas, tão embotadas também tiveram ou têm uma mãe, e de repente uma super mãe, as quais recebem, anualmente presentes caros, viagens, e no fundo, lá no fundo, elas desejam que seus filhos sejam apenas humanos, esse seria o seu melhor presente.
Estamos num mundo assolado por um vírus mortal, que se iniciou ao longo de três mil anos, que contaminou a mente e o coração de alguns humanos, um vírus que mata, deturpa, destrói crenças, cria desavenças e separa famílias.
Todos os males que o mundo já passou tem sua raiz nesse vírus, no pensamento e sentimento egoísta de querer tudo pra si. Precisamos mostrar, que o "mal" precisa ser combatido, e a única vacina para esse vírus é uma combinação de amor, respeito, fraternidade, com uma pitada de altruísmo e empatia.
Como eu disse, no início dessa missiva, o Dia das mães foi ofuscado por esse vírus malévolo, indecente, mas podemos tirar um ensinamento disso, as máscaras estão caindo e espero sinceramente que ninguém resolva pegá-las pois estão muito contaminadas.
Um abraço!
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Distinção ou Extinção?

Oi!
Hoje o meu tema escolhido é o preconceito. Não vou me ater aos diversos tipos, mesmo porque há diversas postagens, textos e livros que tratam do assunto, e como você sabe, não sou um especialista no assunto e muito menos influenciador nas redes sociais.
Eu quero retratar minhas observações sobre o preconceito. Todos sabem, ou pelo menos a maioria das pessoas sabem, que a palavra em si traduz um sentimento, uma percepção antecipada de algo, pré conceito, ou seja, conceito antecipado de algo ou alguém.
Muito se tem falado, nos últimos dias, de preconceito racial, social entre outros, e mesmo nos debruçando detidamente sobre o assunto em questão, nos colocamos em situações inusitadas, onde nossa opinião fica meio que embotada por nossa percepção, às vezes não gostamos de determinada pessoa ou grupo de pessoas, às vezes não gostamos de uma nação, de uma localidade, ou até mesmo da opinião de outras pessoas, sejam elas comuns ou famosas.
Nos antipatizamos, com suas falas, posturas, ações. Mesmo que decidam acertadamente sobre algo ou algum assunto, nos colocamos  em eterna pre suposição que não são confiáveis. Creio, no meu íntimo, que todas as manifestações nesse sentido são, em seu tempo, maneiras de nos preservarmos, pois ninguém, e eu repito, ninguém está livre de se auto preservar, pois esse medo, justificado ou não, está em nosso espírito, em nosso DNA.
Desde que o homem teve de tomar ações de alto preservação em relação aos predadores nos idos que morávamos em cavernas, sem o mínimo de condições para nossa proteção. Criamos armas, roupas, aprendemos a utilizar o fogo pra cozinhar os alimentos, espantar os predadores, iluminar a noite, que nos causava medo, aquecer os ambientes, etc.
Acredito que toda experiência humana, desde o início de sua existência na face da Terra, nos deu essa condição de criarmos conceitos de auto preservação, baseados nos conceitos antecipados. Quando o homem partiu para conquistar novos espaços no mundo, levou consigo essas experiências, os medos, os erros e acertos de sua existência e ao encontrar novos grupos humanos se viu num impasse, "são amigos ou inimigos", e isso também de ter sido o pensamento dos outros grupos também. Dentro das explanações de nossos arqueólogos e historiadores, percebemos que na maioria das vezes esses encontros causaram conflitos, mortes, e até dizimação de um grupo inteiro, mas algumas vezes os encontros, após vencidas as barreiras da estranheza, foram harmônicos e fizeram com que a prosperidade se instalasse por longos períodos.
Mas então porque o ser humano se tornou belicoso, apesar da prosperidade ser resultado da harmonia?
Acredito que a resposta deva estar no sentimento do ser humano, nenhum de nós gosta da dor, gosta de sentir dor, seja emocional, física ou espiritual, e assim, para evitarmos sentir dor, ou pelo menos seu desconforto, agredimos antecipadamente para não sermos agredidos, como se com isso criássemos um espaço em nosso entorno com uma placa escrita em letras garrafais "NÃO CHEGUE PERTO, ESSE É O MEU ESPAÇO, SE VOCÊ INVADIR OS RESULTADOS SERÃO POR SUA CONTA E RISCO".
Assim percebo que o preconceito nasce na nossa equivocada vontade de manter nossos espaços delimitados, dentro de uma zona de conforto e tudo que nos contrarie esse sentimento de liberdade equivocada, merece ser espantado para longe, o preconceito em sua síntese, salvo melhor juizo, é o resultado de nosso medo de lidar com as diferenças em nosso ambiente físico, mental ou espiritual.
Não digo que nossos medos são injustificados, na verdade é até o contrário, durante milênios, a humanidade vem sofrendo humilhações, perseguições, maus tratos, de pessoas que se arrogaram do poder, pessoas que, como líderes que deveriam ser, se aproveitaram da sua situações para subjugar a sociedade em detrimento de suas satisfações pessoais. Essas atitudes equivocadas nos trouxeram a esse momento da atual sociedade, que se diz civilizada, tecnologicamente avançada mas que não consegue lidar com o simples fato de que quem ou o que é diferente de nós merece nosso respeito também, com isso passamos a atacar para nos defender, tiramos conclusões, sem base de pesquisa, sobre "aquele" ou "aquilo" que, só pelo fato de existir, nos cria desconforto.
A humanidade necessita evoluir, precisa urgentemente de uma vacina, não somente contra um vírus, mas contra o preconceito, a dissimulação de sentimentos e atitudes, e essa vacina tem sem seus ingredientes fundamentais a tolerância, o respeito, a verdade, a beleza, o altruísmo e a sinceridade.
Para não me alongar, em outro momento vou apresentar minha observação sobre a sinceridade.
Precisamos erradicar urgentemente o preconceito de nossas vidas, e creio que isso só ocorrerá quando cada indivíduo fizer uma reflexão verdadeira sobre suas crenças, atitudes e sentimentos, cada um fazendo sua parte em pouco tempo a vacina será bem sucedida, e o grande mal que assola nossa sociedade se tornará apenas aquilo que é externo, que não depende de nossas vontades, talvez a doença, um vírus, pois a pobreza e os conflitos deixarão de existir.
Apenas uma observação sobre a doença, na maioria das vezes ela se manifesta por causa de nossos pensamentos e sentimentos, se melhorarmos a qualidade destes, talvez seremos acometidos de muito poucas doenças que hoje se manifestam. 
Eu acredito, verdadeiramente, que a maioria de nossos padecimentos na terra, tem origens dentro de nós mesmos.
E você? No que acredita hoje?
Um grande abraço e muito obrigado por me conceder sua atenção, que sua vida seja livre de pré conceitos.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Máscaras

Oi!
Depois de um longo e tenebroso inverno retorno a esse meu espaço terapêutico.
Sempre acreditei que o mundo pode ser um lugar melhor, que o ser humano pode ser melhor, que a vida pode ser melhor, e num momento como o que o mundo vem passando, uma "pandemia" na saúde e um "pandemônio" nas atitudes humanas, com isolamento social, "lock down", mortes, tratamentos, recuperações, eu imaginei que havia chegado o tempo de a humanidade evoluir.
Posso estar equivocado mas o ser humano continua a resistir a essa evolução, continua segregando-se a si mesmos, isolando, moral e economicamente, uns aos outros. Criam-se soluções, muitas vezes mirabolantes, outras vezes sem qualquer efeito prático, escondem-se informações importantes, mascaram-se atitudes.
Máscaras, interessante analogia, hoje, por causa da pandemia mundial, recomenda-se o uso delas, mas olhando em perspectiva, quando o ser humano não usou? Eu digo isso baseado na própria história humana, sempre foram usadas as máscaras da economia, da religião, do preconceito, do julgamento, do elitismo, da segregação racial e financeira, da perseguição, do autoritarismo, da ganância, acho que devo detalhar pra que possam compreender meu ponto de vista.
Máscara da economia: seja capitalista ou socialista, sempre há um grupo de pessoas que se beneficia em detrimento do bem estar social. O populacho é explorado em todos os seus recursos para garantir a sobrevivência de quem se encontra no comando. Preste atenção tanto capitalistas quanto socialistas se aproveitam dessa situação, ao que parece é uma questão humana e não de regime.
Máscara da religião: independente do credo sempre há situações que nos faz questionar as ações de uma outra religião, cito aqui as cruzadas, o protestantismo, as guerras religiosas, a imposição de um credo, o culto á vários deuses, a imposição da crença de um deus único, a descrença em um deus, falsas promessas, e novamente vemos a exploração através das necessidades das pessoas. Quero deixar bem claro ao leitor que não se trata em desacreditar as religiões e sim nos fazer observar, mais detidamente, as ações de quem está no comando. Se o que se faz é diferente do que se prega, há que se tomar cuidado. Não se permita perder a fé, mas observe sua própria ação em relação a ela.
Máscara do Preconceito: a meu ver existem dois tipos principais, o escancarado que não preciso detalhar e o disfarçado de boas intenções, e pra mim esse é o pior tipo, pois ele se manifesta através de pseudo boas ações, é quando a patroa diz a empregada "que bom que você está trabalhando aqui, tem tanta gente desempregada" traduzindo ficaria assim "faça tudo que eu mando, me obedeça, pois sua vida e de sua família depende de minha satisfação". Existem tantas manifestações nesse sentido. Acredito ter de escrever mais umas centenas de página pra discorrer detidamente sobre o assunto.
Máscara do julgamento: Se uma pessoa, pensa ou age diferentemente do que se acredita ela passa a sofrer o escárnio, velado ou não, daquele grupo que se acha em melhor condição ou atitude, esse tipo de máscara também se manifesta nas situações anteriormente citadas.
Máscara do elitismo: Se a pessoa se convence que está em melhor condição financeira, social ou religiosa, se sente no direito de se colocar no topo da montanha, com a falsa sensação de ser o farol que guia a humanidade.
Máscara da segregação: Se a pessoa é menos favorecida, reside em aglomerados ou num país financeiramente mais vulnerável não merecem nem consideração pelos ditos defensores da
moralidade e dos bons costumes. Torna-se assim alguém invisível.
Todas essas máscaras estão intimamente conectadas e se inter relacionam, há ainda algumas pessoas, e na sua maioria , que trocam essas máscara de tempos em tempos, às vezes por mudanças em suas crenças outras vezes por não possuir qualquer crença que não seja a própria sobrevivência. Uma forma de se mostrar são em mundo, em seu julgamento, doente.
Concluindo, ao meu ver, as máscaras sempre foram usadas, mas a que atualmente incomoda o mundo essa de pano, em nossos rostos, pois são desconfortáveis, sufocam, causam aquecimento na face, mas eu continuo dizendo, está na hora da humanidade passar a usar apenas esse tipo de máscara, pois as outras, além de imorais ou amorais, são as que verdadeiramente prejudicam a nossa evolução, a nossa transformação.
Obrigado por ter lido até aqui, e me atrevo a citar "Eu me sinto obrigado em lhe dizer a verdade, você não tem qualquer obrigação em acreditar". Essa é a minha verdade, não quero e nem preciso lhe influenciar.
Um grande abraço.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."

segunda-feira, 26 de março de 2018

Nada é o que parece ser, dependendo do ponto de vista de cada um.


Olá, faz tempo que não escrevo e estou disposto a retornar espero que gostem do meu retorno.
As relações humanas são um tanto quanto complicadas, às vezes achamos que estamos acertando em determinada atitude e acabamos por perceber que na verdade estamos equivocados, e isso se aplica a todos os setores da humanidade, filosofia,política, religião, família, trabalho, etc.
Me parece que os conflitos são inerentes à nossa raça, que fique claro, raça humana, talvez por pensarmos demais, talvez por projetarmos demais, ou até por desejarmos demais, como somos seres sociais, dividimos nossas alegrias e tristezas, vitórias e frustrações com as pessoas que nos cercam, e isso acaba por interferir, em algum momento com o caminhar do relógio.
Outro dia ouvi dizer que o tempo é uma ilusão, pensei “COMO ASSIM?”, ele não pode ser ilusório, ele é real, sempre caminha pra frente, não retrocede jamais, daí veio a explicação, o tempo é uma media relativa (teoria da relatividade), exemplificando:
A árvore mais velha do Brasil é um jequitibá-vermelho com 4500 anos que se encontra no Parque Estadual de Vassununga, no estado de São Paulo. (Informação extraída parcialmente do Blog da Elo, http://www.eloambiental.org.br/blog/?p=38) .
Já imaginou? Quando Pedro Alvares Cabral chegou no Brasil, ela já tinha 4000 anos, quando Jesus Cristo andou pela terra mudando a face do mundo para sempre, ele já tinha por volta de 2000 anos, quando os egípcios estavam construindo suas piramides ela era uma mudinha, ela participou de praticamente toda a história recente e parte da antiga do ser humano, viu impérios se erguerem e ruírem, viu civilizações sendo criadas e destruídas, e ela está lá firme em pé,e aí alguns de nós imaginam que esta perenidade é eterna, e na verdade não o é, por nada dura para sempre, tudo tem começo,meio e fim.
Outro exemplo:
O movimento de translação do Sol em torno da Via Láctea é de 200 milhões de anos. (Informação extraída parcialmente do Blog do Newton Reis http://www.emefnewtonreis.kit.net/sistemasolar.htm).
Toda a existência humana é menos de um décimo de todo esse período, parece que será eterno, mas na verdade um dia o Sol morrerá, as estrelas morrerão e o universo será muito diferente. Daí a pergunta: “E DAÌ?”, e daí que quando olhamos para o céu a maioria das estrelas que vemos já não existem mais,ou no mínimo estamos vendo o seu passado, isso devido ao tempo que a luz leva pra sair de um ponto A e chegar num ponto B (observador).
Então comecei a refletir, será que o que vejo é realmente o que devo enxergar?
Será que da posição em que me encontro consigo perceber todas as nuances de uma situação?
A resposta é não, não consigo, sabe porque? Porque enxergar e ver são duas coisas distintas, para ver eu necessito de um órgão sensorial que sofre influencia do meio, meus olhos, já enxergar depende de vários sentidos, olhos, ouvidos, coração, percepção, sexto sentido, e como se transpuséssemos milhares de barreiras para chegarmos a um denominador comum, e isso nos leva a uma frase que sempre usei:'NADA É O QUE PARECE SER DEPENDENDO DO PONTO DE VISTA DE CADA UM!”
Aí está o grande problema, às vezes eu percebo algo de uma forma e você de outra, e se não tivermos humildade, sinceridade ou qualquer qualidade que nos impulsione a dizer o que pensamos o conflito tem início, e ele vai aumentando,tornando-se uma bola de neve que nunca termina, se lembra que eu disse que nada é pra sempre? Então, como a lei natural rege que tudo tem início meio e fim, o conflito está subordinado a essa regra, como não houve qualquer comunicação sobre o fato em questão o problema se mostra maior do que realmente é, e isso pode levar à ruína de uma amizade, nas relações interpessoais, pode levar à ruína de uma empresa, quando não há confiança entre chefes e subordinados e pode levar à ruína de toda uma nação, através de guerras e morticínio.
O que fazer? Como resolver um problema congênito da sociedade humana? Não é simples, na verdade até seria se o ser humano não estivesse tentando manter um status quo, este ser tem uma grande facilidade se apegar a uma determinada situação, muitas vezes, ou na maioria delas, se agarra tanto que não se apercebe das oportunidades que se lhe aparecem no dia a dia, preso a conceitos ou preconceitos que ele mesmo criou sobre si e sobre quem se encontra ao seu redor. Fomos criados para caminhar, sair de um ponto A e ir em direção do ponto B, C, D e daí por diante, nossos ancestrais não ficaram presos a um único continente, eles caminharam, caíram, levantaram, sofreram e aprenderam com os erros para conseguir os acertos, quando deixamos que nos apegamos à zona de conforto  que imaginamos ter criado, estamos contrariando nossa própria humanidade, estamos negando a existência desses ancestrais.
Tudo o que existe no universo está subordinado à Lei de Causa e efeito, ação e reação, isso é imutável, é inegável, para cada ação produzida há uma reação igual e contrária (Terceira Lei de Newton), e essa lei tem relação direta com o destino de cada um. Todas as coisa existentes no nosso universo está subordinado ao tempo, que seja relativo, mas é irrefutável, “a seta que aponta sempre para frente”, essa definição eu ouvi outro dia e achei fantástica, porque é isso mesmo, a seta sempre aponta pra frente, não há como voltar no tempo (tudo bem existem teorias contrárias a essa afirmação, mas não há prova prática ainda), nós nunca veremos uma árvore decrescer, não há como, não nesse universo, então precisamos aceitar que tudo caminha para a frente, que nós precisamos evoluir, caminhar, abandonar antigos conceitos, desprender da “Zona de Conforto”, precisamos deixar de procurar culpados para nossos infortúnios e nos responsabilizarmos por nossos atos, meritórios ou não, tudo é evolução. Quando formos humildes o suficiente para aceitarmos que somos responsáveis por tudo o que nos ocorre no nosso dia a dia, talvez os conflitos cessem, talvez possamos trabalhar em ambientes mais saudáveis, respeitando e sendo respeitados, não tentaremos impor nossas opiniões apenas por acharmos que por estarmos em um posição de destaque todas as pessoas estão subordinadas às nossas leis.
Talvez assim perceberemos, no fundo do nosso coração que 'NADA É O QUE PARECE SER DEPENDENDO DO PONTO DE VISTA DE CADA UM!”
Um abraço.
Titus "o som do coração"

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O Valor dos Pais


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Olá!
Ando tão atarefado nesse inicio de ano que acabei não escrevendo muito não é mesmo, por is segue um texto que me foi enviado por um grande amigo, espero que todos vocês gostem, um grande abraço.
Titus●•ツ
 "O Som do Coração" 
 (๏̯͡๏)
A pedido da vida, percorrerei toda extensão do Universo contido dentro do meu coração.”
Paulo Campus Gerais


O valor dos pais.
Um jovem de nível acadêmico excelente, candidatou-se à posição de gerente de uma grande empresa.
Passou a primeira entrevista e o diretor fez a última, tomando a última decisão.
O diretor descobriu, através do currículo, que as suas realizações acadêmicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até à pesquisa da pós-graduação e não havia um ano em que não tivesse pontuado com nota máxima.
O diretor perguntou, "Tiveste alguma bolsa na escola?"
O jovem respondeu, "nenhuma".
O diretor perguntou, "Foi seu pai quem pagou as suas mensalidades ?" o jovem respondeu, "O meu pai faleceu quando eu tinha apenas um ano, foi a minha mãe quem pagou as minhas mensalidades."
O diretor perguntou, "Onde trabalha a sua mãe?" - e o jovem respondeu: "A minha mãe lava roupa."
O diretor pediu que o jovem lhe mostrasse as suas mãos. O jovem mostrou um par de mãos macias e perfeitas.
O diretor perguntou, "Alguma vez ajudou sua mãe lavar as roupas?" - o jovem respondeu: "Nunca, a minha mãe sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu."
O diretor disse, "Eu tenho um pedido. Hoje, quando voltar, vá e limpe as mãos da sua mãe e depois venha ver-me amanhã de manhã."
O jovem sentiu que a hipótese de obter o emprego era alta. Quando chegou em casa, pediu, feliz, à mãe que o deixasse limpar as suas mãos. A mãe achou estranho, estava feliz, mas com um misto de sentimentos e mostrou as suas mãos ao filho.
O jovem limpou lentamente as mãos da mãe. Uma lágrima escorreu-lhe enquanto o fazia. Era a primeira vez que reparava que as mãos da mãe estavam muito enrugadas e havia demasiadas contusões nas suas mãos. Algumas eram tão dolorosas que a mãe se queixava quando limpava com água.
Esta era a primeira vez que o jovem percebia que este par de mãos que lavavam roupa todo o dia tinham-lhe pago as mensalidades. As contusões nas mãos da mãe eram o preço a pagar pela sua graduação, excelência acadêmica e o seu futuro.
Após acabar de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas pela sua mãe.
Nessa noite, mãe e filho falaram por um longo tempo.
Na manhã seguinte, o jovem foi ao gabinete do diretor.
O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e perguntou, "Diz-me, o que fez e que aprendeu ontem em sua casa?"
O jovem respondeu, "Eu limpei as mãos da minha mãe e ainda acabei de lavar as roupas que sobraram."
O diretor pediu, "Por favor, diz-me o que sentiu."
O jovem disse "Primeiro, agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe, não haveria um eu com sucesso hoje. Segundo, ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora percebi a dificuldade e dureza que é ter algo pronto. Em terceiro, agora aprecio a importância e valor de uma relação familiar."
O diretor disse, "Isto é o que eu procuro para um gerente. Eu quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Está contratado."
Mais tarde, este jovem trabalhou arduamente e recebeu o respeito dos seus subordinados. Todos os empregados trabalhavam diligentemente e como equipe. O desempenho da empresa melhorou tremendamente.
Uma criança que foi protegida e teve habitualmente tudo o que quis se desenvolverá mentalmente e sempre se colocará em primeiro. Ignorarará os esforços dos seus pais e quando começar a trabalhar, assumirá que todas as pessoas o devem ouvir e quando se tornar gerente, nunca saberá o sofrimento dos seus empregados e sempre culpará os outros. Para este tipo de pessoas, que podem ser boas academicamente, podem ser bem sucedidas por um tempo, mas eventualmente não sentirão a sensação de objetivo atingido. Irão resmungar, estar cheios de ódio e lutar por mais.
Se somos esse tipo de pais, estamos realmente a mostrar amor ou estamos a destruir o nosso filho?
Pode-se deixar seu filho viver numa grande casa, comer boas refeições, aprender piano e ver televisão num grande TV em plasma. Mas quando cortar a grama, por favor, deixe-o experienciar isso. Depois da refeição, deixe-o lavar o seu prato juntamente com os seus irmãos e irmãs. Deixe-o guardar seus brinquedos e arrumar sua própria cama. Isto não é porque não tem dinheiro para contratar uma empregada, mas porque o quer é amar e ensinar como deve de ser. Quer que ele entenda que não interessa o quão ricos os seus pais são, pois um dia ele irá envelhecer, tal como a mãe daquele jovem. A coisa mais importante que os seus filhos devem entender é a apreciar o esforço e experiência da dificuldade e aprendizagem da habilidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.
Quais são as pessoas que ficaram com mãos enrrugadas por mim?
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