Oi!
Eu assisti o filme Titanic, um clássico à época, vencedor do Oscar, uma história emocionante, com efeitos visuais hiper realistas trazendo à tona todos os acontecimentos, sofrimentos e situações humanas com uma dramatização impressionante.
Não há quem não tenha gostado do enredo, da mescla entre realismo e fantasia, para se contar a história a equipe optou por escolher "Jack" e "Rose", dois jovens de classes distintas que se apaixonaram e tentaram transpor as barreiras sociais impostas à época.
Independentemente de todos os fatos apresentados, e como disse, alguns reais e outros utilizados para temperar a trama vou me ater a esses dois personagens, mas por um ângulo, ao meu ver, diferente.
Jack, Irlandês, pobre, ganha a a passagem para a unica viagem num jogo de cartas e Rose, moça de família falida mas que precisa manter a sua posição social na classe alta , com a mão prometida para um banqueiro rico para garantir o futuro de sua mãe. Isso todos já sabem, o casal se encontra e se apaixona, o navio em si é um retrato da sociedade européia à época.
Depois de muitas situações mostradas no filme, desde a escolha da velocidade a ser utilizada até a pressão por parte dos donos da empresa White Star Line, onde a arrogância humana é mostrada em todas as suas nuances.
Não sou critico de cinema e nem tenho a pretensão de contar toda a história do filme, então vamos avançar a "fita", e chegaremos ao momento onde Jack e Rose estão no mar, Rose em cima de uma porta de madeira e Jack na água tentando preservar a vida de sua amada, e é nesse ponto que eu me peguei na minha observação.
Quando gostamos de alguém, seja o amor idílico, amizade ou companheirismo, tomamos a decisão de aceitar a pessoa do jeito que ela é, criamos uma expectativa sobre essa pessoa, utilizando nossos valores pessoais como parâmetro para tudo que acontece. Passamos a acreditar, no início do relacionamento, que aquela pessoa tem muita coisa que nos faz admirá-la e até mesmo nos apaixonar, o tempo passa, e em se confirmando esses pontos, passamos a ficar cada vez mais próximos, a criar mais expectativas e nos relacionando cada vez mais proximamente, dependendo do relacionamento, começamos a "fazer vista grossa", sobre alguns temas, atitudes e escolhas daquela pessoa, muito por entendermos que são coisas de menor relevância, outras vezes, no ímpeto de criarmos uma imagem nossa na outra pessoa começamos a tentar corrigi-la, moldá-la em nossa forma.
As duas situações são um equívoco, sendo a última mais invasiva e passível de um erro irreparável, mas há uma terceira situação que, ao meu ver, pode ser tão ou mais prejudicial que as duas anteriores. Isso acontece quando envolvemos a pessoa em nosso sentimento verdadeiro, seja amizade, seja amor, e nos tornamos dispostos a qualquer sacrifício para preservá-la, no caso de Jack ele se coloca em perigo para salvar a vida de sua amada Rose e paga o preço o qual está disposto a pagar e fatalmente a "fatura" chega. O mar gelado, o cansaço e o amor de Jack o levam para o fundo do oceano, não antes de ele fazer um último pedido, para que Rose vivesse a vida dela pelos dois.
Eu ouvi muita gente questionando o porquê Jack não subiu junto com Rose na tal porta, há diversas explicações, inclusive do produtor executivo, todas plausíveis. Mas eu vou além na minha observação.
Rose cumpriu o desejo de Jack, teve uma boa vida, se livrou de seu carcereiro rico, das algemas douradas, armadilha social. Trocou seu nome, se aproveitando da confusão do momento e fez tudo o que desejou sempre com seu amado Jack em mente. Sentimento de gratidão? De arrependimento? De remoroso? Talvez tudo junto, não é verdade?
Mas e Jack? No fundo do oceano, seu túmulo eterno. Será que se arrependeu? Será que nos seus últimos momentos, segurando o fôlego e vendo a imagem de sua amada se misturando ao oceano se distanciando, pensou em como foi feliz, como conseguiu o que sempre desejou? Será que seus sonhos, desejos, vontades e objetivos passaram por sua mente já entorpecida pela hipóxia.
E nisso que me prendi em minhas observações, não antes de me emocionar na primeira vez que o assisti no cinema, com lágrimas nos olhos emocionado como o imaginário coletivo.
Quantas vezes nos anulamos pelo bem de quem gostamos? Já ouvi e li textos de pessoas se dizendo decepcionadas com um amigo ou um amor, mas será? A culpa é do outro? Não será nossa responsabilidade de nos anularmos, abrirmos mão de nossas convicções por essa amizade ou amor?
Será que não agimos como o Jack que sacrifica sua vida, seus sonhos, seus objetivos para salvar a vida da amada Rose?
Eu sei que nós humanos somos capazes de feitos incríveis, tanto bons quanto ruins e tudo dependerá de nosso próprio ponto de vista, mas será que vale à pena nos anular pelo bem de outro? Seja amizade ou amor? Creio que esse comportamento é também um excesso, e todo excesso é prejudicial, creio já ter falado sobre isso noutro post.
Talvez se Jack mantivesse o equilíbrio emocional, não digo que é fácil, e assim procurasse um lugar para sua proteção, ele poderia ter vivido uma vida plena ao lado de sua amada, poderiam ter filhos, construir uma história, etc.
Agora vamos ao final do filme, não é spoiler, Rose já de idade avançada, no final de sua vida, vai até o tombadilho do barco dos pesquisadores e faz uma grande revelação, o diamante "Coração do oceano" está em seu poder desde a catástrofe, ela o solta e devolve ao mar.
Cena bonita, romanceada, um final inesperado. Será? Com o tempo, o grande amor de Rose tornou-se uma lembrança, um momento único em toda a sua história, não que seja de menor valoração, mas é uma lembrança, como uma página no seu grande livro da vida. E no final, a manifestação de seu desapego é demonstrado no abrir mão de uma joia rara. Não digo que a vida de Rose foi dignificante, nem que ter conhecido Jack não tenha sido significativo para ela, mas ela continuou vivendo, enfrentando seus desafios e chegando ao final de seus objetivos.
E isso me fez pensar. Será que com algumas amizades e amores eu não fui muito apegado? Será que abrir mão de meus conceitos por uma amizade ou amor não foi um passo errado? Será que me projetar nas outras pessoas causou um certo desequilíbrio em minha vida ou na vida dessas pessoas?
Eu as vezes me vejo no Jack, me colocando em risco para proteger uma amizade, defender uma pessoa ou um conceito. Correndo o risco de me afogar no imenso oceano da vida.
Às vezes o que parece ser sorte pode ceifar sua vida, às vezes um grande amor pode te levar para um abismo, às vezes uma forte amizade pode de ferir, creio que precisamos de equilíbrio e sensatez em todas as nossas decisões.
Um grande abraço.
Titus●•ツ
"O Som do Coração" (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."
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