Aos 22 anos fui dedicar na construção da 1ª fase do Solo Sagrado
do Brasil, aos 27 anos, tive a permissão de ver o Protótipo do
Paraíso Concretizado. Em meio a tudo isso, perdi, em um curto espaço
de tempo, meus dois irmãos, meu pai, e um filho que não chegou a
nascer. Inclusive meu irmão do meio dedicava comigo no Solo Sagrado
com todo empenho, o que fez com que eu sentisse uma profunda
desilusão e começasse a buscar entender o "porquê" daquele
sofrimento. Naquela época, me encontrei com o Revmo Watanabe e ele
vendo meu sofrimento me disse algumas palavras que ficaram marcadas
em meu coração, principalmente quando me deparo com situações que
me parecem não ter solução ou até mesmo não ter explicação,
essas palavras voltam à tona e sustentam a minha fé. É por isso
que continuarei essa palestra lendo parte do Artigo que compõe a
Revista Izunome de fevereiro de 2010, intitulado “EMPENHO PARA
OBTER A FORÇA PARA VIVER”, escrito pelo Presidente Mundial da Igreja Messiânica Mundial Revmo Tetsuo Watanabe.
Em determinado momento o Revmo escreve o seguinte:
Hoje,
gostaria de falar sobre o período em que o ser humano, se depara com
um grandioso poder. Tal período é igualmente o mais adequado para
se obter a “força para viver” e voltar-se para um grande
objetivo. Falarei sobre a idade adulta, que vai dos 25 aos 44 anos de
idade. Creio que tal oportunidade surge quando realmente nos
deparamos com um sofrimento profundo.
O
poder divino de 1% que atua no esforço humano.
Shakyamuni
tomou conhecimento da existência da velhice, da doença e da morte
e, para resolvê-las, saiu de casa e dedicou-se à vida religiosa aos
29 anos. Jesus, após os 30 anos de idade, foi batizado por João
Batista e, a partir de então, começou a se empenhar na salvação
daqueles que estavam sofrendo. Maomé, fundador do islamismo, por
volta dos 40 anos de idade, perdeu dois filhos, caiu em profundo
sofrimento e, enquanto meditava em uma caverna, recebeu a revelação
de Alá.
No que
diz respeito a este ponto, Meishu-Sama não é uma exceção. Sua
primeira esposa, com quem se casou aos 24 anos de idade, faleceu
quando ele tinha 37 anos. O comércio por atacado, que teve início
quando ele tinha 25 anos, sofreu um grande golpe com a depressão
mundial nessa época ele tinha 38 anos de idade. Até então,
Meishu-Sama vinha negando a existência de qualquer deus ou entidade
e acreditava piamente que somente o esforço humano levava ao
sucesso. Porém, diante da morte da esposa e do fracasso no mundo dos
negócios, até mesmo Meishu-Sama se deu conta de quão impotente é
o ser humano e quão insondável é o destino. Diante de tamanho
sofrimento, ele decidiu buscar socorro em diversas religiões. Depois
de muito buscar, ele ingressou na religião Omoto. Aos 44 anos de
idade, recebeu uma revelação divina e posteriormente fundou a nossa
igreja, que tem como objetivo salvar a humanidade do sofrimento
causado pela doença, pela pobreza e pelo conflito. Como vimos acima,
Deus nos coloca diante de fatos que dificilmente conseguimos superar
sozinhos, por mais que lutemos. É dessa forma que nos guia até Ele.
Todavia, de uma certa forma, creio que isto faz parte do processo de
evolução natural do homem. Acredito que, da mesma forma que Deus,
de acordo com Seu plano, fez com que a cultura materialista
centralizada no ser humano progredisse mais que a cultura
espiritualista, centralizada em Deus, Ele utiliza o mesmo processo no
que diz respeito ao desenvolvimento do ser humano.
Meishu-Sama
escreveu o seguinte salmo:
A
força do homem é noventa e nove por cento; a força de Deus é cem
por cento.
Quem
está consciente disso, não se envaidece. Eu acredito que, graças
ao esforço que busca alcançar os noventa e nove por cento, é que
se consegue chegar ao patamar em que se conquistará este grandioso
poder – que vive, lado a lado, com a sensação de impotência.
Naturalmente, mesmo estes noventa e nove por cento também resultam
do acúmulo das pequenas práticas, do “um pouquinho”, do “mais
um pouquinho”. Às vezes, ouvimos dizer que “o verdadeiro mestre
só nasce com a formação de um discípulo”. E, realmente, creio
que somente quando estivermos preparados é que o poder grandioso se
manifestará e teremos a permissão de encontrar a “força para
viver”.
Aproveitar
a crise
O ser
humano cresce conforme vai se tornando membro da sociedade e tomando
consciência da realidade.
Ele
deve confrontar-se com diversas situações: seus resultados não são
muito bons no trabalho; não consegue estabelecer um bom
relacionamento com seu chefe; é criticado quando comete algum erro;
ninguém reconhece seu empenho por mais que se esforce, e suas
expectativas, antes de entrar no novo trabalho, caem todas por
terra...
Aqueles
que se casam concretizando um sonho, após o casamento, começam a se
desentender com a sogra ou surgem tensões no dia a dia. E quando
somos abençoados com o tão esperado filho? Se sua saúde é
delicada, nossos dias são de pura preocupação. Às vezes, não
conseguimos descansar porque temos que cuidar de nossos pais, ou
somos acometidos por alguma doença, ou talvez vejamos partir um ente
querido. Esta é a idade adulta, em que nos deparamos com inúmeros
sofrimentos jamais vividos durante a juventude. Porém, creio que
este período é fundamental. As crises é que nos dão oportunidade
de nos elevarmos de uma maneira incrível. Não há ninguém no mundo
que tenha alcançado o sucesso sem passar por nenhum sofrimento.
Muito pelo contrário: tais pessoas passaram por um sofrimento maior
do que uma pessoa comum e acredito que, porque o enfrentaram sem
fugir, é que conseguiram alcançar um grande sucesso. Ou seja, o
sofrimento é muito bem-vindo.
Meishu-Sama
nos ensina que “purificamos por meio do sofrimento. Seja no aspecto
físico ou espiritual, todos os sofrimentos são ações
purificadoras” (3 de junho de 1949). Em primeiro lugar, todos os
sofrimentos fazem com que eliminemos nossas máculas e já que
sabemos que “é um sofrimento para melhorarmos” e que ele nos
conduzirá à felicidade, não devemos fugir: é importante aceitá-lo
e enfrentá-lo. Todavia, quando, por exemplo, há risco de vida
devido à violência do marido no lar, é importante tomar as medidas
adequadas e ter a coragem de afastar-se dele. Quero ainda dizer que
há casos em que é necessário utilizar a lei ou o auxílio de
terceiros, ou seja, um meio de fugir do problema temporariamente para
se recuperar e reiniciar a vida.
Se
tudo correr como queremos, a vida perde a graça
O que
não pode acontecer é fugirmos da própria vida. Anualmente, mais de
30 mil pessoas se suicidam porque “já não conseguem mais viver”.
Há relatos de que 30% daqueles que ingressam em uma firma, pedem
demissão antes do final do primeiro ano afirmando “esse trabalho
não combina comigo”. Aproximadamente um em cada dois casais que se
casaram enquanto estavam na casa dos 20 anos de idade, acaba se
separando e a maior causa é, realmente, a “incompatibilidade”.
Há pessoas que melhorariam rapidamente se deixassem de lado uma leve
dor de cabeça, de barriga ou muscular. Ao invés disso, recorrem
logo aos analgésicos. Os senhores não acham que tais pessoas são
pouco resistentes à dor? Há os que logo culpam a sociedade pelos
próprios problemas, jovens que não trabalham e vivem eternamente à
custa dos pais. Vemos também os chamados helicopter parent!
Expressão inglesa que se refere aos pais que logo que um professor
do filho não lhe agrada, começa a reclamar pedindo que seja
despedido. Há os que exibem a própria autoridade e a usam para
influenciar outras pessoas. Criminosos que, sem nenhum motivo, ferem
e chegam até mesmo a matar. Creio que pessoas assim, em geral, são
egoístas.
Pessoas
psicologicamente muito fracas que não conseguem enfrentar o
sofrimento sem jogar a responsabilidade em outras pessoas ou fugir.
Tal fuga não é só uma solução momentânea, mas também parece
estar enfraquecendo ainda mais as pessoas – esta é minha opinião.
E creio que a sociedade incita esse tipo de comportamento. A
humanidade veio se empenhando, utilizando todo seu conhecimento para
livrar o ser humano dos mais diversos sofrimentos – doença,
pobreza, conflito e vários outros. Por exemplo, vemos que a medicina
se desenvolveu a ponto de conseguir eliminar com remédios a dor
física causada por alguma doença e também promove a inoculação
por meio de vacinas e a esterilização para matar os germes.
Entretanto, a Religião, a Arte e a Ciência se desenvolveram
convivendo com tal dor. Porém, simultaneamente, o que chega a ser
irônico, chegamos ao ponto em que começamos a gerar seres tão
fracos que já não conseguem suportar a dor, como já disse
anteriormente. Creio que o mais importante é que tomemos consciência
desse fato e que despertemos para ele.
Temos
o seguinte salmo de Nidai-Sama:
O
Mundo Material é um local de aprimoramento onde estão mesclados o
Bem e o Mal, para os homens se burilarem mutuamente. Burilem-se,
portanto.
Ou
seja, ela nos ensina que o mundo é um “local de aprimoramento”.
Aqueles que estão cumprindo pena chamam o mundo de liberdade, fora
das grades, de “lá fora”. Temos a mesma expressão em japonês e
a palavra utilizada é “shaba”, que tem sua origem no sânscrito
Saha, sendo também uma expressão búdica que significa “mundo em
que devemos suportar as provações, resistir às tentações
mundanas”.
O ser
humano não consegue fugir dos aprimoramentos preparados por Deus. E
mesmo que creia ter conseguido fugir, um dia, esse mesmo
aprimoramento retornará. E não é só isso: quanto mais tentamos
fugir do sofrimento, mais ele aumenta – é assim que funciona.
Sendo
assim, devemos ter coragem e encarar o problema com firmeza e somente
quando conseguirmos nos esforçar para encontrar sua verdadeira
solução é que transformaremos o sofrimento em alegria.
Meishu-Sama
nos ensina: “Se tudo correr como queremos, a vida perde a graça.
(...)
“Afinal
de contas o verdadeiro valor da pessoa está em tentar, com todo o
empenho, resolver um problema que parece sem solução” (1º de
março de 1952). É dessa forma que ele nos incentiva. Meishu-Sama
foi uma pessoa magnífica que, assim como tentava alegrar o próximo,
chegava até mesmo a se deleitar com as dificuldades a serem
vencidas. Esse estilo de vida é que devemos almejar. Desejo do fundo
do coração que gravemos suas palavras em nosso peito e, como ele,
consigamos enfrentar o porvir com um sorriso no rosto. A dor que faz
com que cresçamos. Se conseguirmos, assim como Meishu-Sama, aceitar
a dor oriunda dos mais diversos problemas, adquiriremos a
sensibilidade de encarar o sofrimento do próximo como sendo nosso. E
creio que, ao mesmo tempo, adquiriremos força e sabedoria para
suportar a dor, além de cultivar o poder de controlar o próprio
sofrimento. Como há muitos sofrimentos, é impossível tratá-los
individualmente neste momento. Por exemplo, quando, no meio da noite,
somos atormentados pela solidão em um quarto de hospital, acredito
que só de relembrar os momentos alegres vividos, conseguimos
controlar bastante a dor (por isso é que também recomendo que
cultivem o maior número possível de momentos alegres para que tais
lembranças sejam muitas!). Acredito também que pensar “este
sofrimento, esta dor que estou passando também são provas do amor
de Deus que está tentando me criar” ou “minha família está
preocupada comigo e orando sem cessar. Sou privilegiado e muito
abençoado!”, isto é, transformar a lamúria em relação à dor
em gratidão a Deus, à família e às pessoas que nos cercam, ajuda
não só a amenizar a dor, mas também a acelerar a recuperação.
Outro ponto que desejo ressaltar é que, da mesma forma que o momento
em que um estudante está psicologicamente mais tranqüilo é aquele
em que está concentrado em seus estudos, então, mais do que se
lamentar porque seu chefe não reconhece seu esforço, o melhor é
pensar: “Não vou me deixar levar pela opinião alheia, vou me
esforçar o máximo possível, fazer tudo o que posso! Vou buscar
aprender mais! Isso acabará fazendo com que eu seja mais capaz!”.
Acreditar e agir. Se estiver sofrendo com algum relacionamento
pessoal, não deve atormentar a outra pessoa por causa disso, olhe
para o seu interior e tente melhorar. Se agir assim, surgirá a
possibilidade de melhorar tal relação e, por meio de tal empenho,
você acabará se dando conta de que quem mais ganha, quem mais
acumula virtude agindo assim, é você mesmo. Desta forma, encarando
o sofrimento de frente, tal qual ele se apresente diante de nós,
conseguiremos ter novos sonhos e desejos. Eu acredito que, se
seguirmos nos esforçando com um Sonen positivo, mesmo que seja um
pequeno esforço, o sofrimento vai diminuindo, diminuindo e acaba se
tornando algo minúsculo. De pessoa amada à pessoa que ama
Naturalmente, a força humana tem limite. Porém, acredito que,
quando a pessoa dá o máximo de si, consegue entregar tudo nas mãos
de Deus, humildemente, sem receio algum. Deus é a origem de nossas
almas. Seu sentimento é semelhante ao de um pai. Creio que da mesma
forma que chama severamente a atenção de um filho que, apesar de
não se esforçar nada, está sempre pedindo algo, ao ver um filho
que é constantemente grato aos pais e se esforça incansavelmente
diante de um problema sem solução, e esse filho Lhe pede ajuda, Ele
é aquele que responde: “Você se esforçou bastante até aqui!”
e lhe estende a mão com alegria. Há também aquelas pessoas que
pensam “por mais que me esforce, nunca sou recompensado” e vão
levando a vida de uma forma negativa. Contudo, não é bem assim. Se
elas analisarem bem seu interior e sua vida, verão, sem sombra de
dúvida, que Deus as está recompensando de alguma forma. E isso se
transforma na força motriz para que a pessoa prossiga se esforçando.
E para que Deus se alegre conosco, devemos utilizar a força que
conseguimos cultivar por meio do esforço, o sentimento, a sabedoria,
o nosso corpo, o dinheiro enfim, tudo o que nos foi concedido por Ele
de acordo com Seu sagrado objetivo. Em outras palavras, precisamos
ajudar o próximo, em atividades que visem ao bem-estar social.
Naturalmente, não é nada fácil começar oferecendo tudo o que
temos na dedicação a Deus. Sendo assim, devemos começar devagar,
passo a passo, vendo até onde podemos chegar, mas nos empenhar nas
pequenas ações altruístas e pensar sempre em pô-las em prática.
Temos
o seguinte salmo de Nidai-Sama:
Quem
ama a vida e ajuda o próximo, será amado e protegido por Deus onde
quer que esteja.
Creio
que, aqui, ela nos ensina que é esta prática altruísta que se
transformará no ponto de partida, rumo à felicidade de ser
abençoado por Deus. O espírito que vai amadurecendo enquanto ama o
próximo A gestação, a infância, a adolescência, a juventude,
enfim, todos os períodos são importantes, mas não há nenhum mais
adequado que o da idade adulta para cultivarmos o caráter humano. O
corpo físico alcança a maturidade na adolescência, mas o lado
psicológico só começa a amadurecer a partir da idade adulta.
Depois que encontramos um trabalho, deparamo-nos com diversos mundos
e pessoas. Casamos, estabelecemos novas relações com novas pessoas
e há também aqueles que têm filhos. Este é um estágio preparado
por Deus para a nossa elevação. Até então, viemos sendo criados
envolvidos pelo amor de nossos pais e de outras pessoas que nos
cercavam, mas a partir de agora o ponto principal está em passar à
posição da pessoa que dá amor. Nós vivemos graças ao apoio e à
ajuda de diversas pessoas. Participar, com espírito de gratidão, de
mutirões de limpeza da comunidade onde moramos e de atividades
voluntárias relacionadas à educação também é algo positivo. O
espírito de lealdade à empresa ou à organização que nos emprega
para que ganhemos o pão de cada dia também é importante. Acredito
que aqueles que se põem na posição de um mero espectador e só
criticam, com o passar do tempo, acabarão sobrando dentro do grupo e
sairão naturalmente. Não devemos nos comportar como se não nos
relacionássemos com ninguém. Devemos ter a consciência de que
fazemos parte do problema pensando “eu represento a empresa onde
trabalho”, o “problema da empresa é meu problema”. Quem pensa
assim, consegue se colocar no lugar das outras pessoas, o que acaba
sendo semelhante ao amor altruísta. Aqueles que têm tal
consciência, são necessários à empresa onde trabalham, recebem a
gratidão dos outros e são sempre bem-vindos. E quando nós nos
casamos e temos nossos próprios filhos, ao começarmos a educá-los,
sentimos na própria pele o quanto o pai e a mãe sofreram se
esforçaram e nos amaram. Por isso é que devemos amar respeitar e
honrar nossos pais. E pensando no futuro de nossos filhos, nós,
pais, devemos mostrar-lhes que trabalhamos com todo o empenho pelo
bem do próximo e de nossa família, que cuidamos do próximo com
amor e alegria. Se os pais mostrarem essa postura aos filhos,
conseguirão fazer com que eles entrem naturalmente em contato com a
essência da fé messiânica. Amar o próximo não é simples. Amar
as pessoas de quem gostamos é fácil. E para amarmos seja quem for,
independentemente de nossa preferência, é necessário ter uma força
imensa. Uma força que fará com que consigamos não fugir da dor,
mas que nos ajudará a aceitá-la e a superá-la. Tenho certeza que
Deus verá tal esforço e nos abençoará com força e alegria de
viver.
O
presente artigo foi publicado na Revista Izunome (Japão) nº 83,
dezembro de 2009.
Empenho
para obter a Força para Viver Revmo.
Tetsuo Watanabe, presidente mundial da IMM.