Dizem que o tempo cura tudo.
Mas eu aprendi que ele não apaga tudo.
O tempo reorganiza. Empilha os sentimentos como se fosse uma velha estante de madeira, meio torta, cheia de lembranças encaixadas em cada prateleira.
Mas não joga fora.
Ele até tenta... mas o que foi vivido com o coração, o tempo respeita.
Às vezes, no meio da correria do dia a dia, me pego lembrando de coisas pequenas.
Um domingo na infância. Um banco de praça em Goiânia. O cheiro de café coado na casa da minha mãe.
Aquele olhar de despedida, uma última conversa que ficou curta demais, o nome de alguém que a gente jurava que ia lembrar pra sempre — e lembra.
Lembra sim.
Porque tem histórias que grudam na gente. E nem é porque foram extraordinárias… é porque foram sinceras.
Eu carrego comigo rostos que se perderam no tempo, mas continuam vivos aqui dentro.
Carrego também palavras que escutei nas ruas, no Centro Pop, nos CRAS da vida…
Frases que vinham carregadas de dor, esperança, fé.
E essas coisas o tempo não leva. Ele deixa.
Porque, no fundo, a vida não é feita dos grandes acontecimentos. Ela é feita dos momentos que nos atravessam, nos moldam, nos silenciam.
Uma conversa sob a sombra de uma árvore. Um gesto inesperado. Um reencontro. Uma perda.
O tempo pode tentar esconder isso tudo num canto escuro da mente…
Mas o coração tem luz própria.
E ilumina tudo outra vez.
Então, se hoje você sentiu saudade…
Não lute contra.
A saudade também é uma forma de permanência.
A lembrança é sinal de que algo valeu a pena.
E se o tempo não apagou… é porque ainda te pertence.
Guarde com carinho. E siga.
Porque o tempo passa, sim. Mas o que importa… isso, ele deixa.
Titus, o som do coração
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