segunda-feira, 28 de abril de 2025

As Coisas Que Deixamos Pelo Caminho

Deixamos um pedaço da alma no banco esquecido da praça,
onde um dia, entre risos e promessas, acreditamos que o mundo era nosso.

Deixamos olhares soltos nas esquinas,
suspiros que se perderam antes de virar palavras,
e beijos que morreram nos lábios,
timidamente recusados pela coragem que nunca chegou.

Deixamos cartas que nunca enviamos,
presentes que ficaram embrulhados no fundo do armário,
e histórias que não tiveram final, mas ainda moram nas entrelinhas dos nossos silêncios.

Deixamos o cheiro do café que a pressa esfriou,
as tardes de outono que não voltaram,
e as canções que um dia juramos nunca esquecer — mas esquecemos.

Deixamos mãos estendidas que não tivemos força pra segurar,
e portas abertas que o orgulho, impiedoso, bateu com força.

Às vezes, deixamos sem saber.
Outras vezes, deixamos querendo.
Mas sempre deixamos.

Porque crescer é carregar partidas no bolso da alma,
é aprender a caminhar com espaços vazios dentro da gente.

E a vida, ah, a vida...
Segue como um velho trem rangendo nos trilhos do tempo,
levando a gente pra longe do que foi,
e ao mesmo tempo, carregando no peito o que jamais deixamos de ser.

As coisas que deixamos não são derrotas.
São sementes jogadas no chão da memória.
Algumas florescem em lembranças doces.
Outras se perdem na poeira das horas.
Mas todas, todas... são marcas vivas do que ousamos viver.

E seguimos...
Com o coração remendado pelas ausências,
mas os olhos ainda brilhando,
porque onde houve amor, sempre haverá caminho.
(por Titus, o som do coração)

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