O dia em homenagem às mães passou, um dia em que celebramos a vida, o amor, a gratidão e a esperança por dias melhores, tudo isso junto numa pessoa só. Esse ano foi um tanto diferente, temos uma doença, um vírus que concorre diretamente com esses sentimentos, um vírus da desesperança, do medo, da raiva, da tristeza, do egoísmo e da morte.
Nunca, nesses meus quase cinquenta e dois anos de vida (meio século, dá pra imaginar?), eu vi tanta informação desencontrada, e olha que já vi e participei de algumas crises, nada como a peste negra, mas já vi queda de presidentes, queda de regimes, guerra nas malvinas, gripe suína, vaca louca, hiperinflação, guerra no continente africano, guerra no oriente médio, etc.
Como uma coisa, invisível aos olhos, pode causar tanto estrago? Como um vírus como esse pode obscurecer um dia que deveria ser de comemoração, de união, de família?
A humanidade está atônita, heróis da resistência já não é nome de banda de rock brasileiro, são pessoas, comuns, altruístas, que deixam suas famílias e pessoas a quem amam de lado, para cuidar de pessoas que estão sofrendo, pessoas que se encontram no "front" de batalha, nos caixas de supermercado, na reposição de estoque, na entrega de mercadorias, no plantio de alimentos, na criação de animais, na limpeza urbana, na melhoria da vida. Essas pessoas são consideradas essenciais.
A pergunta que me faço é, pra quem? Quem vê essas pessoas como essenciais? Eu vou ao supermercado, às farmácias, ao mercadinho, ao açougue e o que vejo me estarrece, esses heróis são tratados, muitas vezes, com um desdém, obrigados a ouvir impropérios, absurdos como "Que bom que você está trabalhando! Tem tanta gente desempregada né?", e essa observação não vem com o sentimento de gratidão ou preocupação, vem o desejo de mostrar que aquele trabalhador, aquela trabalhadora, estão ali para serem subservientes a uma condição sub humana que aquele ser humano, sem escrúpulos, insiste em desejar impor a outrem.
Vejo médicos, enfermeiros, plantonistas sendo perseguidos, agredidos, desmerecidos, por cidadãos que se consideram superiores, imunes, exclusivamente protegidos por sua arrogância, sua falta de empatia, sua crença que o mundo é moldado por sua vontade e não pela necessidade alheia. Homens e mulheres que se julgam "super" qualquer coisa, suas roupas possuem um símbolo, que no herói norte americano das revistas em quadrinho é um "S". Essas pessoas se apropriaram indevidamente desse símbolo e o substituíram pelo "$" como um campo de força que não permite o vírus penetrar.
Creio, sinceramente, que o pior dessa apropriação, é que na maioria das vezes essas mesmas pessoas não possuem o produto ao qual esse simbolo representa, e na sua mediocridade didática tentam, a todo custo, impor sua vontade apenas para sua satisfação pessoal, não se importam com o sentimento alheio, não possuem qualquer resquício de humanidade, são biônicas, com seus "I" isso, "I" aquilo, pobres de empatia, antipáticas até, já não são humanos, são autômatos seguindo uma programação virulenta de execrar aqueles a quem não consideram seus pares, com seus carros importados, ar condicionado, mente condicionada.
Como uma mãe, verdadeira mãe, não qualquer uma, MÃE com "M" maiúsculo, pode concorrer com um vírus assim. O vírus da intolerância, da arrogância, do egoísmo e do apego. Como ela pode concorrer? Incrível pensar, que essas pessoas, tão embotadas também tiveram ou têm uma mãe, e de repente uma super mãe, as quais recebem, anualmente presentes caros, viagens, e no fundo, lá no fundo, elas desejam que seus filhos sejam apenas humanos, esse seria o seu melhor presente.
Estamos num mundo assolado por um vírus mortal, que se iniciou ao longo de três mil anos, que contaminou a mente e o coração de alguns humanos, um vírus que mata, deturpa, destrói crenças, cria desavenças e separa famílias.
Todos os males que o mundo já passou tem sua raiz nesse vírus, no pensamento e sentimento egoísta de querer tudo pra si. Precisamos mostrar, que o "mal" precisa ser combatido, e a única vacina para esse vírus é uma combinação de amor, respeito, fraternidade, com uma pitada de altruísmo e empatia.
Como eu disse, no início dessa missiva, o Dia das mães foi ofuscado por esse vírus malévolo, indecente, mas podemos tirar um ensinamento disso, as máscaras estão caindo e espero sinceramente que ninguém resolva pegá-las pois estão muito contaminadas.
Um abraço!
Titus●•ツ
"O Som do Coração" (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."
3 comentários:
Cido, libere para compartilhamento. Suas crônicas são bastantes boas e já lhe disse que merecem ser juntadas em livro. Abços.
Vejo o vírus como uma perversidade moral que contamina o coração e a mente do ser humano.
Acredito que as pessoas tem que ter consciência e o respeito por esses profissionais.
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