Ninguém
sobressai, ninguém brilha se não tiver a coragem de ultrapassar os
limites da mesmice, do senso comum, da tacanhez cotidiana que só
enxerga o óbvio saltitando à sua frente.
É, não tem muito
jeito não. Como disse Coco Chanel “Para ser insubstituível, você
precisa ser diferente”. Não adianta desejar a admiração alheia,
não adianta desejar atenção, aplausos, olhares hipnotizados, se
fazemos tudo do mesmo jeito que todo mundo faz, rindo das mesmas
piadas toscas, nos estressando por causa das mínimas imperfeições
físicas, compreendendo a vida da mesma maneira obtusa que a maioria
entende. Quer dizer, não entendendo e achando que entende com ares
de bedel.
Não adianta
desejar com todas as forças do nosso ser uma vida significativa,
expressiva, cheia de purpurina e bolhas de champanhe estourando no
céu da boca, no coração da alma, se a gente não se dispõe a
correr riscos, se a gente não se dispõe a ser julgado.
Ser protagonista da
própria vida exige um preço bem salgado e apenas os destemidos e
puros de alma têm coragem de se atirar do alto de penhascos sem a
certeza absoluta de que o paraquedas vai abrir mesmo. Só os
destemidos e puros de coração podem olhar nos olhos do outro e
mostrar quem é ou quem imagina ser.
Ser protagonista da
própria vida é para os fortes, para os sinceros, para aqueles que
fugiram do catecismo da sociedade, que engloba mandamentos como ”
Não seja você mesmo”, “Sorria docemente quando alguém for
cruel com você”, “Se vista como todo mundo”, “Defina seu
caráter por suas roupas e não por suas atitudes”, “Se apaixone
apenas por pessoas convenientes”, “Tome café e converse apenas
com pessoas do seu nível social”, “Crucifique quem é diferente
pois cria muito ruído e a gente gosta do tédio do silêncio”,
“Que todas as crenças e estilos de vida sejam pintados de nude
pois é mais discreto e está na moda”.
Ninguém sobressai,
ninguém brilha se não tiver a coragem de ultrapassar os limites da
mesmice, do senso comum, da tacanhez cotidiana que só enxerga o
óbvio saltitando à sua frente.
Sim, não tem muito
jeito mesmo. Ninguém faz moda usando a roupinha que todo mundo usa.
Ninguém vira referência de nada preocupado o tempo todo com aquilo
que os outros vão pensar. Ninguém se torna livre, esperando que
alguém conceda o seu habeas corpus para viver a vida como bem
entende. Ninguém vive o amor morrendo de medo das emoções e
fugindo dos riscos. Ninguém se destaca sendo mais um.
Sim, não tem muito
jeito não. Ser diferente e pensar com a própria cabeça e sentir
com o próprio coração esfola a pele da alma, nos desnuda em
público, nos expõe ao julgamento dos tacanhos, nos fecha portas
sociais. Mas como se costuma dizer, tudo ou quase tudo que vale a
pena vem com dedicação e uma dose cavalar de sofrimento.
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