quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma questão de escolha! Julgar ou Conquistar.


Olá!
Hoje eu me lembrei de uma das muitas histórias de minha vida e resolvi compartilhar.
Há uns 20 anos atrás eu tive um chefe, não sei se devo chamá-lo, pois acredito que quem tem chefe é índio, enfim, ele era um dos responsáveis pelo local onde eu trabalhava e vivia. Logo que cheguei eu percebi que ele não gostava de mim, ou pelo menos me tratava de forma diferente dos demais.
Ele nunca me cumprimentava, ás vezes evitava cruzar o meu caminho, de repente pensei:
- Ah, isso acontece porque eu sou novato, ele deve ser assim mesmo!
Mas esta enganado, outros jovens chegaram e ele mantinha sempre uma conversa animada com eles, quando eu chegava ele arranjava um desculpa e se retirava, isso me incomodava, porque não conseguia entender o que o motivava a me ignorar.
O tempo foi passando, e essa animosidade não mudava, por vezes eu acreditava ser alvo de c fofocas, conversas "atravessadas", às vezes achava que realmente eu me encontrava no lugar errado que deveria me retirar, pedir para voltar para a minha cidade de origem.
À noite me sentia isolado, e a situação ficava mais grave porque estava longe de minha família, meus pais, meus irmãos, e com a saudade me massacrando eu saia para caminhar, meditar, rezar, pedir a Deus que me fizesse entender o porquê aquilo estava acontecendo. Sempre fui muito comunicativo, apesar da minha timidez natural, tive de romper essas barreiras para poder sobreviver num mundo, onde impera a lei do mais forte, nunca acreditei nisso, eu penso que o mundo é dos melhores preparados, mesmo quando tudo se mostra desfavorável  a eles.
Nessas caminhadas solitárias, eu lembrava da minha vida, das minhas batalhas, de trabalhar desde muito novo, dos amigos que deixara para trás acreditando num ideal. Um dia caminhando próximo à represa que banhava o arquipélago vi aquele responsável pescando, ou pelo menos se distraindo, pois peixe mesmo eu não via.
Pensei comigo:
- Ah, ele gosta de pescar, talvez seja isso!
Voltei para o alojamento e arrumei uma vara de pesca, fiz umas iscas com farinha de trigo, ótima para pegar lambari, e lá fui eu para aquele local. De cara me posicionei a uns 200 metros de distancia dele, coloquei a isca, joguei farelo de pão na água e aguardei, logo os peixes começaram a fisgar, nesse dia consegui um número considerável de peixes que foram servidos fritos no alojamento para todos os colegas.
Na semana seguinte, no mesmo dia e horário, lá estava eu no mesmo lugar e a pesca foi generosa novamente. As semanas foram dando lugar aos meses, e a cada mês eu me aproximava daquela pessoa, a cada semana ficava 10 metros mais próximo, até que um dia ele me chamou pelo nome e me perguntou que tipo de isca eu usava, eu lhe expliquei que era uma receita caseira de meu pai feita com farinha de trigo, ele pediu para experimentar e aprovou, desse dia em diante, sempre que ele passava por mim ele me convidava para ir pescar com ele.
Dessa forma, começamos a delinear os primeiros passos de uma amizade forte e que dura até hoje, o tempo passou e ele foi transferido para outra unidade na cidade de São Bernardo do Campo, aquele amigo me abraçou e agradeceu por tudo, havia lágrimas em seus olhos e eu não entendia o porquê, cada qual foi cuidar de sua missão.
Passaram-se aproximadamente dois anos e recebi um convite, daquele amigo, para palestrar para um grupo de jovens que desejava cumpri um ideal, "Tornar feliz o próximo, para que se alcançasse assim a própria felicidade." Aceite o convite, eu e mais três companheiros fomos contar nossas experiências, nossas histórias de vida, havia muitos jovens todos com aquele olhar de sede de conhecimento, inerente de pessoas desta idade, que acredita que podem mudar o mundo com uma pequena ação altruísta.
Depois da palestra e do término das atividades daqueles jovens, eu e meus colegas, fomos convidados a almoçar, após o almoço começamos a conversar e rir, contar piadas, num determinado momento esse amigo se dirigiu a todos e disse:
- Hoje eu preciso confidenciar algo, nesse momento de silencio ele apontou para mim e continuou, esse "cara" aqui me mostrou algo que eu nunca imaginei ter a oportunidade de aprender.
Ele continuou:
- Quando ele chegou para trabalhar, logo de cara não fui com o jeito dele, ninguém consegue sorrir o tempo todo, ninguém consegue ser feliz 24 horas por dia, então pensando assim já achava que ele estava sendo falso, um dia ele me apresentou a sua namorada, uma menina muito bonita, e eu fiquei com raiva, pois pensava "Como um cara feio assim pode ter uma namorada tão bonita?" _ Todos nós rimos bastante e ele continuou:
- Por causa do meu preconceito, pelo meu julgamento, eu o tratei muito mal, não conversava com ele, não respondia aos cumprimentos, deixei ele e a namorada conversando sozinhos, ou seja, fui mal educado em tempo integral.
Um dia eu estava pescando e ele apareceu, já imaginei que lá vinha ele me tirar o sossego, mas ele se manteve distante, e por muito tempo ficou assim, só que ele pescava muito peixe e aquilo me chamava a atenção, eu estava curioso por saber o que ele fazia para pegá-los, sem ele saber, antes dele chegar eu cevava o local onde eu ia pescar e fazia muito barulho no local onde ele iria ficar para afugentar os peixes, mas não adiantava ele continuava a pegar.
- Minha curiosidade foi maior e acabei, depois de muito relutar, por chamá-lo para perguntar,. Desse dia em diante ele passou a ser meu companheiro de pescaria, conversávamos, ríamos, brincávamos, contávamos histórias, e ele me conquistou, conquistou o meu respeito, minha admiração. Eu nunca imaginei que iria conhecer uma pessoa que se esforçasse tanto para fazer outra pessoa feliz, ele tentou saber o que eu mais gostava para poder se aproximar de mim e esse cara me fez lembrar um poema que diz assim:
"É dever de todo ser humano trabalhar pela felicidade e pela paz deste mundo.
Quem ama a vida e ajuda o próximo, será amado e protegido por Deus onde quer que esteja.
Quando vejo alguém se empenhando pelo bem do próximo e do mundo, tenho a sensação de estar vendo um diamante entre o cascalho." (Meishu-Sama)
Nessa hora todos nos calamos, sentimos a sinceridade de suas palavras, eu sentia o meu rosto em chamas, e o coração sereno, percebi ali que havia conquistado mais do que imaginava, a unica coisa que eu desejava era conquistar aquela pessoa, pois sabia que ela era uma pessoa de bom coração, que eu poderia aprender muita coisa com ele.
No final da conversa ele se virou pra mim e perguntou:
- Você não gosta de pescaria não né?
E eu respondi:
- Só se for pra conquistar um grande amigo!
Um grande abraço a todos.

Titus●•ツ
 "O Som do Coração"  (๏̯͡๏)
Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa."

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