
Olá!
Eu estava revisitando algumas palestras que realizei entre os anos de 2008 e 2010 para diversos grupos de pessoas e encontrei alguns textos que auxiliaram muitas delas a encontra o seu caminho na vida.
Alguns textos são motivacionais, outros carregados de emoção, mas o mais importante, realmente é o teor e o objetivo com o qual eu as utilizei, e é exatamente por isso que a partir de agora irei reproduzi-los aqui, espero que seja útil para todos os leitores.
Um grande abraço.
Titus●•ツ
"O Som do Coração" (๏̯͡๏)
"Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado." Roberto Shinyashiki
A Última Viagem de
Táxi!
Houve um tempo em que
eu ganhava a vida como motorista de táxi. Os passageiros embarcavam
totalmente anônimos. E, às vezes, me contavam episódios de suas
vidas, suas alegrias e suas tristezas...
Encontrei pessoas que
me surpreenderam. Mas, NENHUMA como aquela da noite de 25 para 26 de
julho do último ano em que trabalhei na praça!
Havia recebido já
tarde da noite uma chamada vinda de um pequeno prédio de tijolinhos,
em uma rua tranqüila do subúrbio de Belo Horizonte, capital das
Minas Gerais.
Quando cheguei ouvia
cachorros latindo longe. O prédio estava escuro, com exceção de
uma única lâmpada acesa numa janela do térreo.
Nestas circunstâncias,
outros teriam buzinado duas ou três vezes, esperariam só um pouco
e, então, iriam embora.
Mas, eu sabia que
muitas pessoas dependiam de táxis como único meio de transporte a
tal hora.
A não ser, portanto,
que a situação fosse claramente perigosa, eu sempre esperava...
"Este passageiro
pode ser alguém que necessita de ajuda", pensei.
Assim, fui até a
porta e bati.
"Um minutinho",
respondeu uma voz débil e idosa.
Ouvi alguma coisa ser
arrastada pelo chão...
Depois de uma pausa
longa, a porta abriu-se.
Vi-me então diante de
uma senhora bem idosa, pequenina e de frágil aparência!
Usava um vestido
estampado e um chapéu bizarro daqueles usados pelas senhoras idosas
nos filmes da década de 40! E se equilibrava numa bengala, enquanto
segurava com dificuldade uma pequena mala...
Dava para ver que a
mobília estava toda coberta com lençóis. Não haviam relógios,
roupas ou adornos sobre os móveis. Num canto jazia uma caixa aberta
com fotografias e vidros...
A velha senhora,
esboçando então um tímido sorriso de quem havia já perdido todos
os dentes, pediu-me:
“O senhor poderia me
ajudar com a mala?”
Eu peguei a mala e
ajudei-a caminhar lentamente até o carro. E enquanto se acomodava
ela ficou me agradecendo...
-"Não é nada,
apenas procuro tratar meus passageiros do jeito que gostaria que
tratassem minha velha mãe”...
-" Oh!, você é
um bom rapaz!"
Quando embarcamos,
deu-me um endereço e pediu:
-"O senhor poderia
ir pelo centro da cidade?"
-" Este não é o
trajeto mais curto", alertei-a prontamente.
-" Eu não me
importo... Não estou com pressa... Meu destino é o último! O asilo
dos velhos"...
Surpreso, eu olhei pelo
retrovisor.
Os olhos da velhinha
brilhavam marejados...
-" Eu não tenho
mais família e o médico me disse que tenho muito pouco tempo"...
Disfarçadamente
desliguei o taxímetro e perguntei:
-"Qual o caminho
que a senhora deseja que eu tome?"
Nas horas seguintes nós
dirigimos por toda a cidade. Ela mostrou-me o edifício na Praça 7
em que havia, em certa ocasião, trabalhado como ascensorista...
Nós passamos pelas
cercanias em que ela e o esposo tinham vivido como recém-casados.
E também pela
Igrejinha de São Francisco, na Pampulha, onde comemoraram
Bodas de Ouro!
Ela pediu-me que
passasse em frente a uma loja de móveis na região da Praça da
Liberdade, que havia sido um grande salão de dança que ela
freqüentara quando mocinha!
De vez em quando,
pedia-me para dirigir vagarosamente em frente a um edifício ou
esquina. Era quando ficava então com os olhos fixos na escuridão,
sem dizer nada... E olhava. Olhava e suspirava...
E assim rodamos a noite
inteira...
Quando o primeiro raio
de sol surgiu no horizonte, ela disse de repente:
"Estou cansada...
E pronta! Vamos agora!"
Seguimos, então, em
silêncio, para o endereço que ela havia me dado. Chegamos a um
prédio rodeado de árvores, uma pequena casa de repouso.
Dois atendentes
caminharam até o taxi, assim que paramos. Eram amáveis e atentos e
logo se acercaram da velha senhora, a quem pareciam esperar.
Eu abri o porta-malas
do carro e levei a pequena valise até a porta. A senhora, já
sentada em uma cadeira de rodas, perguntou-me então pelo custo da
corrida.
-" Quanto lhe
devo?", ela perguntou, pegando a bolsa.
-"Nada!", eu
disse.
-" Você tem que
ganhar a vida, meu jovem”
-" Há outros
passageiros", respondi.
Quase sem pensar,
curvei-me e dei-lhe um abraço. Ela me envolveu comovidamente e
devolveu-me com um beijo afetuoso e repleto da mais pura e genuína
gratidão!
E disse:
-"Você deu a esta
velhinha bons momentos de alegria, como não tinha há tanto tempo...
Só Deus é quem sabe o quanto você
fez por mim! Obrigada,
MEU AMIGO!
Mil vezes obrigada!!!”
Apertei sua mão pela
última vez e caminhei no lusco-fusco da alvorada sem olhar para
trás, pois as lágrimas corriam-me abundantes pela face...
Atrás de mim uma porta
foi fechada.
Era o som do término
de uma vida...
Naquele dia não peguei
mais passageiros.
Dirigi sem rumo,
perdido nos meus pensamentos. Mal podia falar.
Dois dias depois, tomei
coragem e voltei no asilo para ver como estava a minha mais nova
amiga. Me disseram, então, que na noite anterior adormecera para
sempre, em paz e feliz...
E fiquei a pensar, se a
velhinha tivesse pego um motorista mal-educado e raivoso... Ou,
então, algum que estivesse ansioso para terminar seu turno...
Óh, Deus! E se eu
houvesse recusado a corrida? Ou tivesse buzinado uma vez e ido
embora?...
Ao relembrar, creio que
eu jamais tenha feito algo mais importante na minha vida até então!
Em geral nos
condicionamos a pensar que nossas vidas giram em torno de grandes
momentos.
Todavia,
os GRANDES MOMENTOS
freqüentemente nos pegam desprevenidos e ficam guardados em recantos
que quase todo mundo considera sem importância...
quando nos damos
conta... já passou.
AS PESSOAS PODEM NÃO
LEMBRAR EXATAMENTE O QUE VOCÊ FEZ, OU O QUE VOCÊ DISSE.
MAS, ELAS SEMPRE
LEMBRARÃO COMO VOCÊ AS FEZ SENTIR-SE.
PORTANTO, VOCÊ PODE
FAZER A DIFERENÇA!
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