Acredito que temos de aprender a fazer nossas escolhas, e elas não podem se basear apenas na subjetividade do "ter", é isso mesmo, do ter, pois somos o que somos, elo entre duas gerações, a passada e a futura, somos nossas escolhas, nossos objetivos, nossos desejos, somos tudo e ao mesmo tempo nada.
Se nos compararmos a pessoas melhores que nós, corremos o risco de nos deprimir, ao contrário, certamente nos tornaremos orgulhosos, de um orgulho vil, racista e irracional.
Não devemos nos apegar às coisas, às situações, aos sentimentos, às pessoas, temos de seguir em frente, ter sabedoria suficiente para entender que o mundo gira, que nada está estático, permanente, tudo está em mudança, e graças a ela, evoluímos.
Hoje tenho amigos que não conhecia, outros do passado de vez em quando surgem, mas cada qual tem sua importância temporal. É claro que existem aqueles atemporais, e essa atemporalidade está mais relacionada à afinidade do que ao apego, são pessoas que permanecem em nossas vidas, independentemente da distância, idade, tempo, etc. É incrível como essas pessoas ficam dias, meses anos, sem um contato sequer e quando voltamos a nos falar parece que havia apenas quinze minutos que não as víamos.
Já fiz tanta coisa na vida, já fui militar, sub gerente de loja, vendedor de picolé, engraxate, agricultor, paisagista, coletor de lixo, encarregado de turma, caixa de loja, etc. Tive momentos bons e ruins, acredito que o pior deles foi quando enterrei meus dois irmãos mais novos e meu pai, com o espaço de um ano entre eles, imaginei ser o próximo, me senti como um animal em extinção, esse sentimento de perda quase me derrotou, quase "joguei a toalha". Atualmente estou em fase de recuperação de outra grande perda, não é fácil, não está fácil, mas continuo caminhando, talvez não do jeito que desejo, mas da melhor forma que posso.
Naquele momento tive o apoio de amigos, pessoas que me amavam, que ficaram ao meu lado integralmente, e eu só posso agradecer.
Alguns deles, hoje, não conversam mais comigo, se houve motivos ou não para esse distanciamento, a perda "aparente" da amizade, eu nunca vou saber, mas eu penso neles e como seria mais difícil minha vida sem eles por isso, mesmo hoje sem vê-los, sem contato, minha gratidão precisa se tornar luz para protegê-los das armadilhas do mundo e uma das mais perigosas é viver apegado às coisas, às situações, aos sentimentos, às pessoas. Nesse caso não preciso saber “os motivos” que fizeram essas pessoas se afastarem, cada pessoa tem sua verdade, eu a minha, você a sua.
É como as lembranças de tempos idos, cada um vai lembrar da mesma história com nuances diferentes, é pintar um quadro da mesma paisagem e cada pintor dará maior atenção a n determinado ponto, um ao horizonte, outro às árvores e ainda outro ao rio. As lembranças são como paisagens cada um valorizará o que tem dentro de si. Todas as histórias serão verdadeiras de acordo com o ponto de vista de quem está contando.
Segue abaixo um texto que acredito exemplificar meu ponto de vista, um grande abraço a todos vocês e obrigado por acreditarem em mim.
Titus●•ツ
"O Som do Coração" (๏̯͡๏)
"O ser humano possui a vontade imprescindível de se guiar pelas aparências. Consequentemente, as pessoas criam impressões erradas sobre o próximo: acham que conhece mas na verdade não conhecem. E é por tentativa e erro que superamos essa nossa natureza."
Um dia um homem já de certa idade abordou um ônibus. Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora... A porta se fechou e o ônibus saiu; então ficou incapaz de recuperá-lo. O homem terminou de subir a escada, calçando um só sapato, procurou a primeira janela aberta, retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela.
Um rapaz no ônibus, vendo o que aconteceu, perguntou:
- Notei o que o senhor fez. Por que jogou fora seu outro sapato?
O homem prontamente respondeu:
Para que quem os encontrar seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém necessitado dará importância a um par de sapatos usados encontrados na rua. E de nada lhe adiantará apenas um pé de sapato.
O homem mostrou ao jovem que não vale a pena agarrar-se a algo simplesmente por possuí-lo e nem porque você não deseja que outro o tenha. Perdemos coisas o tempo todo. A perda pode nos parecer penosa e injusta inicialmente, mas a perda só acontece para que mudanças, na maioria das vezes positivas, possam ocorrer em nossa vida.
Como o homem da história, nós temos que aprender a se desprender. Alguma força decidiu que era hora daquele homem perder seu sapato. Talvez isto tenha acontecido para iniciar uma série de outros acontecimentos bem melhores para o homem do que aquele par de sapatos poderia proporcionar. Talvez uma nova e forte amizade com o rapaz no ônibus. Talvez aquele rapaz precisasse presenciar aquele acontecimento para adotar uma ação semelhante. Talvez a pessoa que encontrou os sapatos tenha, a partir daí, uma forma de proteger os pés. Seja qual for a razão, não podemos evitar perder coisas. O homem sabia disto. Um de seus sapatos tinha saído de seu alcance. O sapato restante não mais lhe ajudaria, mas seria um ótimo presente para uma pessoa desabrigada, precisando desesperadamente de proteção do chão. Acumular posses não nos faz melhores e nem faz o mundo melhor. Todos temos que decidir constantemente se algumas coisas devem manter seu curso em nossa vida ou se estariam melhor com os outros.
(autor desconhecido)
Um comentário:
Texto perfeito! Identificação e gratidão muito preeentes!
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